Entre a alma, prestes a reencarnar na Terra,e o mensageiro Divino travou-se expressivo diálogo:
- Anjo bom - disse ela -,já fiz numerosas romagens no mundo.Cansei-me de prazeres envenenados e posses inúteis...Se posso pedir algo,desejaria agora colocar-me em serviço,perto de Deus, embora deva achar-me entre os homens...
- Sabes efetivamente a que aspiras? que responsabilidade procuras? - replicou o interpelado. - Quando falham aqueles que servem à vida, perto de Deus, a obra da vida, em torno deles, é perturbada nos mais íntimos mecanismos.
- Por misericórdia, anjo amigo! Dar-me-ás instruções...
- Conseguirás aceita-las?
- Assim espero, com o amparo do Senhor.
- O Céu, então, conceder-te-á o que solicítas.
- Posso informar-me quanto ao trabalho que me aguarda?
- Porque estarás mais perto de Deus, conquanto entre os homens, recolherá dos homens o tratamento que eles habitualmente dão a Deus...
- Como assim?
- Amarás com todas as fibras de teu espírito, mas ninguém conhecerá, nem te avaliará as reservas de ternura!... Viverás abençoando e servindo, qual se carregasses no próprio peito a suprema felicidade e o desespero supremo. Nunca te fartarás de dar e os que te cercarem jamais se fartarão de exigir...
- Que mais?
- Dar-te-ão ao mundo um nome bendito, como se faz com o Pai Celestial; contudo, qual se faz igualmente até hoje na terra com o Todo-Misericordioso, reclamar-se-á tudo de ti, sem que se te dê coisa alguma. Embora detendo o direito de fulgir à luz do primeiro lugar nas assembléias humanas, estarás na sombra do último... Nutrirás as criaturas queridas com a essência do próprio sangue; no entanto, serás apartada geralmente de todas elas, como se o mundo esmerasse em te apunhalar o coroção. Muitas vezes, serás obrigada a sorrir, engolindo as próprias lágrimas, e conhecerás a verdade com a obrigação de respeitar a mentira... Conquanto venhas a residir no regozijo oculto da vizinhança de Deus, respirarás no fogo invisível do sofrimento!...
- Adornarás as outras criaturas para que brinhem nos salões da beleza ou nos torneios da inteligênci; entretanto, raras te guardarão na memória, quando erguidas ao fausto do poder ou ao delírio da fama! Produzirás o encanto da paz; todavia, quando os homens se inclinem à guerra, serás impotente para afastar-lhes o impulso homicida... - Por isso mesmo, debalde chorarás quando se decidirem ao extermínio uns dos outros, de vez que te acharás perto do Todo-Sábio e, por enquanto, o Todo-Sábio é o grande Anônimo, entre os povos da terra.
- Que mais?
Todas as profissões no planeta são honorificadas com salários correspondentes às tarefas executadas, mas o teu ofício, porque estejas em mais íntima associação com o Eterno e para que não comprometas a Obra da Divina Providência, não terá compensações amoedada. Outros seareiros da Vinha Terrestre serão beneficiados com a determinação de horários especiais; contudo, já que o Supremo Pai serve dia e noite, não disporás de ocasiões para descanso certo, porquanto o amor te colocará em permanente vigília!... Não medirás sacrifícios para auxiliar, com absoluto esquecimento de ti; no entanto, verás teu carinho e abnegação apelidados, quase sempre , por fanatismo e loucura... Zelarás pelos outros, mas os outros muito dificilmente se lembrarão de zelar por ti... Farás o pão dos entes amados... Na maioria das circunstâcias, porém serás a última pessoa a servir-se dos restos da mesa e, quando o repouso felicite aqueles que te consumirem as horas, velarás, noite a dentro, sozinha e esquecida, entre a prece e a aflição... Espiritualmente, viverás mais perto de Deus, e, em razão disso, terás por dever agir com o ilimitado amor com que Deus ama...
- Anjo Bom - disse a alma, em pranto de emoção e esperança - que missão será essa?
O emissário Divino endereçou-lhe profundo olhar e respondeu num gesto de bênção:
- Serás mãe !...
Irmão X
do livro antologia mediunica "MÃE"
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
RESPOSTAS DAS ANEDOTAS
A primeira - é : ARAPUCA
A segunda - é : PERNILONGO
A terceira - é : duas irmãs, casaram com dois rapazes
cada uma teve duas filhas, as mães morreram e elas casaram
cada uma com o pai da outra e tiveram filhos.
Outra é - Um gato em cima de uma mesa,esperando o rato chegar
A segunda - é : PERNILONGO
A terceira - é : duas irmãs, casaram com dois rapazes
cada uma teve duas filhas, as mães morreram e elas casaram
cada uma com o pai da outra e tiveram filhos.
Outra é - Um gato em cima de uma mesa,esperando o rato chegar
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
UM PEDIDO DE JESUS!
Jesus pediu,não desprezar os pequeninos,ele espera que nós, não olhemos só o pão de cada dia,nem somente a vestimenta.
O importante é o abrigo, amoralidade, o carinho, a educação, a saúde.
Alguns pais garantem o conforto material,mas relegam o espiritual,ser pai não é moleza, nem brincadeira, é trabalhoso ?, é, então antes de colocar um destes pequeninos que Jesus pede que não o abandonemos, aqui nesta terra, pense se realmente você entendeu o que disse Jesus.
A vadiagem de crianças nas ruas, com certesa vira um delinquente, e vai acabar numa FEBEM qualquer da vida, ou em algum hospício, mas tem aqueles que são cercados pelo dinheiro,se tornam também um marginalizado.
Porque não é só a criança pobre que pode se tornar um marginalizado,o rico também atravessam grandes provações, gerando miséria e sofrimento, e os seus pais, são os maiores sofredores além deles mesmo.
Então como pediu Jseus; Não desprezes, pois a criança,se entrega com mais facilidade as delinquências da vida.
Vamos dar o exemplo, sem desmoralizar uma criança,vamos olhar e se espelhar no exemplo do Maior mestre que já passou aqui nesta terra,esse sim; devemos imita-lo.
Quando levantar a sua mão para um destes pequeninos, que não seja para lhe apontar um dedo,e dizer palavras ofensivas, levante sua mão para ajudar a levantar aquele que está caido, para lhe dizer palavras de conforto, e lhe encine o que é viver, nas ruas, nos guetos,escuros úmidos e frios, por onde ele vai trilhar, ou já trilhou,pense que talvez dentro da sua casa também tenha um desses pequeninos!
Nunca esqueça que foi Jesus quem pediu...
memb.
O importante é o abrigo, amoralidade, o carinho, a educação, a saúde.
Alguns pais garantem o conforto material,mas relegam o espiritual,ser pai não é moleza, nem brincadeira, é trabalhoso ?, é, então antes de colocar um destes pequeninos que Jesus pede que não o abandonemos, aqui nesta terra, pense se realmente você entendeu o que disse Jesus.
A vadiagem de crianças nas ruas, com certesa vira um delinquente, e vai acabar numa FEBEM qualquer da vida, ou em algum hospício, mas tem aqueles que são cercados pelo dinheiro,se tornam também um marginalizado.
Porque não é só a criança pobre que pode se tornar um marginalizado,o rico também atravessam grandes provações, gerando miséria e sofrimento, e os seus pais, são os maiores sofredores além deles mesmo.
Então como pediu Jseus; Não desprezes, pois a criança,se entrega com mais facilidade as delinquências da vida.
Vamos dar o exemplo, sem desmoralizar uma criança,vamos olhar e se espelhar no exemplo do Maior mestre que já passou aqui nesta terra,esse sim; devemos imita-lo.
Quando levantar a sua mão para um destes pequeninos, que não seja para lhe apontar um dedo,e dizer palavras ofensivas, levante sua mão para ajudar a levantar aquele que está caido, para lhe dizer palavras de conforto, e lhe encine o que é viver, nas ruas, nos guetos,escuros úmidos e frios, por onde ele vai trilhar, ou já trilhou,pense que talvez dentro da sua casa também tenha um desses pequeninos!
Nunca esqueça que foi Jesus quem pediu...
memb.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
PROVERBIOS MARANHENSE
Quem desdenha quer comprar
Coco velho, é que dá leite
Quando Deus demora, está no caminho
Faltando a terra de Deus, chega a de Nossa Senhora
Quanto mais se vive, mais se aprende
Quem conhece a pedra, é o lapidário
Gato tem o nome, cachorro seu sobrenome
Boca fechada, não entra mosca
Deus ajuda, quem madruga
Quem não marisca, não petisca
Quem cochicha, o rabo espicha
Ninguém sabe, o que calado quer
Quem cala, consente
Quem não chora, não mama
Quem empresta o que tem, pedir vem
Cabeça que não pensa, o corpo padece
A voz do povo, é a voz de Deus
Quem atira com polvóra alheia, não mede distância
O costume do cachimbo, é que faz a boca torta
Quem come do meu pirão, apanha do meu cinturão
Mato tem olhos, parede tem ouvidos
Quando não tem farinha, carueira serve
Quem não pode com pote, não pega na rodilha
Quem não trabalha, não sabe o que custa
Dia de muito, véspera de pouco
Quem come e guarda, come duas vezes
Quem muito quer dizer, mexerico quer fazer
Quem não deve, não teme
Quem vê cara, não vê coração
O que os olhos não vêem, o coração não sente
O que não é visto, não é lembrado
Quem tudo quer, nada tem
Se pensas que berimbau é gaita,e cu de galinha é gaveta
Camarão que dorme, a maré leva
Quem não quiser morrer, que não nasça
No rio que tem piranhas, jacaré nada de costas
Amigos amigos, negócios a parte
Alegria, é mãe de choro
Quando eu era besta, cavalo quase me mata
Quem tem pena do coitado,fica no lugar dele
Quem não quer ser lobo, não veste a pele
Quando o dia é bom, a véspera mostra
Quem quer colher flores,Que não semeie espinhos
Quem manda, descansa os pés,mas não descansa o coração
Na sombra da galinha, cachorro bebe água
Quem tem com que me pagar, não me deve nada
Quem tem horta, não deve cheiro
Quem tem boca, vai ao longe
Quem com ferro fere, com ferro será ferido
Santo de casa, não faz milagres
Devagar , se vai ao longe
Mais vale um pássaro na mão, que dois voando
Dever pobre, é pedir esmola para dois
Passarinho que acompanha João de Barro,Vira ajudante de pedreiro
Quem acompanha morcego, dorme de cabeça para baixo
Quem toca sino, não acompanha procissão.
.
Coco velho, é que dá leite
Quando Deus demora, está no caminho
Faltando a terra de Deus, chega a de Nossa Senhora
Quanto mais se vive, mais se aprende
Quem conhece a pedra, é o lapidário
Gato tem o nome, cachorro seu sobrenome
Boca fechada, não entra mosca
Deus ajuda, quem madruga
Quem não marisca, não petisca
Quem cochicha, o rabo espicha
Ninguém sabe, o que calado quer
Quem cala, consente
Quem não chora, não mama
Quem empresta o que tem, pedir vem
Cabeça que não pensa, o corpo padece
A voz do povo, é a voz de Deus
Quem atira com polvóra alheia, não mede distância
O costume do cachimbo, é que faz a boca torta
Quem come do meu pirão, apanha do meu cinturão
Mato tem olhos, parede tem ouvidos
Quando não tem farinha, carueira serve
Quem não pode com pote, não pega na rodilha
Quem não trabalha, não sabe o que custa
Dia de muito, véspera de pouco
Quem come e guarda, come duas vezes
Quem muito quer dizer, mexerico quer fazer
Quem não deve, não teme
Quem vê cara, não vê coração
O que os olhos não vêem, o coração não sente
O que não é visto, não é lembrado
Quem tudo quer, nada tem
Se pensas que berimbau é gaita,e cu de galinha é gaveta
Camarão que dorme, a maré leva
Quem não quiser morrer, que não nasça
No rio que tem piranhas, jacaré nada de costas
Amigos amigos, negócios a parte
Alegria, é mãe de choro
Quando eu era besta, cavalo quase me mata
Quem tem pena do coitado,fica no lugar dele
Quem não quer ser lobo, não veste a pele
Quando o dia é bom, a véspera mostra
Quem quer colher flores,Que não semeie espinhos
Quem manda, descansa os pés,mas não descansa o coração
Na sombra da galinha, cachorro bebe água
Quem tem com que me pagar, não me deve nada
Quem tem horta, não deve cheiro
Quem tem boca, vai ao longe
Quem com ferro fere, com ferro será ferido
Santo de casa, não faz milagres
Devagar , se vai ao longe
Mais vale um pássaro na mão, que dois voando
Dever pobre, é pedir esmola para dois
Passarinho que acompanha João de Barro,Vira ajudante de pedreiro
Quem acompanha morcego, dorme de cabeça para baixo
Quem toca sino, não acompanha procissão.
.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
AMAZAM, MEU REPENTISTA FAVORITO
Nesse estilo o povo é quente,
Que paga qualquer cache,
Vou mostrar a essa gente,
Que sei mais do que você.
Meu arquivo da memória,
É uma caixa giratória,
Veloz como os carroceis...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Vou mostrar minha bagagem,
Pra acabar com a fabulagem,
Do cantador de vocês.
Minha plateia é selecta,
Sabe que sou um artista,
Porque além de poeta,
Sou cantor e repentista,
Também tenho a mente mega,
Cantador nenhum me pega,
Nem aguenta meus revés,
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um mais,
Mais dois e mais três...
Nem preciso me esforçar,
Para cantar e ganhar,
Do cantador de vocês.
Vou dar um conselho aqui,
Pois amigo é quem avisa,
É melhor você desistir,
Do que levar uma piza.
Pois depois que eu me zangar,
Você vai é implorar,
E se ajoelhar nos meus pés...
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Eu trouxe um cabo de aço,
Pra quebrar no espinhaço,
Do cantador de vocês...
Não adianta tentar,
Me atingir com agressão,
Porque se eu for brigar,
Tenho força de Sansão.
Não vejo quem me suporte,
Pois meu veneno é mais forte,
Do que os das cascavéis,
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Hoje aqui ninguém me empata,
Se eu retalhar na chibata,
O cantador de vocês...
O que tem na nossa flora,
E os peixes que tem no mar,
Se quiser posso contar,
Sem deixar nenhum de fora.
Todos os povos da terra,,
Amazam, canta e não erra,
Que seus versos são fiéis,
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco pro quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Medindo conhecimento,
Não passa de um jumento,
O cantador de vocês...
Eu conheço matemática,
História e geografia,
Sei tudo sobre a gramática
Física e biologia.
Não existe professor,
Para este cantador,
Que dá aula aos bacharéis.
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois , e mais três...
Conversa, não sabe nada,
É uma besta quadrada,
O cantador de vocês...
Você não faz o que eu faço,
Mesmo virando um gigante,
Que eu tenho forças no braço,
Mais do que um elefante.
Tenho garras de leão,
Sou a larva de um vulcão,
Mais quente que as chaminés...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Já to de braço doido,
De amassar o pé do ouvido,
Do cantador de vocês...
Quando estou improvisando,
Sou melhor que lampião,
Passo uma hora brigando,
sem botar o pé no chão.
Minha lei é diferente`,
É como antigamente,
Dos tempos dos coronéis...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um
Mais dois e mais três...
Me pediram pra parar,
E na pê ia não matar,
O cantador de vocês.
AMAZAM e outro repentista que não lembro o nome.
Que paga qualquer cache,
Vou mostrar a essa gente,
Que sei mais do que você.
Meu arquivo da memória,
É uma caixa giratória,
Veloz como os carroceis...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Vou mostrar minha bagagem,
Pra acabar com a fabulagem,
Do cantador de vocês.
Minha plateia é selecta,
Sabe que sou um artista,
Porque além de poeta,
Sou cantor e repentista,
Também tenho a mente mega,
Cantador nenhum me pega,
Nem aguenta meus revés,
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um mais,
Mais dois e mais três...
Nem preciso me esforçar,
Para cantar e ganhar,
Do cantador de vocês.
Vou dar um conselho aqui,
Pois amigo é quem avisa,
É melhor você desistir,
Do que levar uma piza.
Pois depois que eu me zangar,
Você vai é implorar,
E se ajoelhar nos meus pés...
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Eu trouxe um cabo de aço,
Pra quebrar no espinhaço,
Do cantador de vocês...
Não adianta tentar,
Me atingir com agressão,
Porque se eu for brigar,
Tenho força de Sansão.
Não vejo quem me suporte,
Pois meu veneno é mais forte,
Do que os das cascavéis,
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Hoje aqui ninguém me empata,
Se eu retalhar na chibata,
O cantador de vocês...
O que tem na nossa flora,
E os peixes que tem no mar,
Se quiser posso contar,
Sem deixar nenhum de fora.
Todos os povos da terra,,
Amazam, canta e não erra,
Que seus versos são fiéis,
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco pro quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Medindo conhecimento,
Não passa de um jumento,
O cantador de vocês...
Eu conheço matemática,
História e geografia,
Sei tudo sobre a gramática
Física e biologia.
Não existe professor,
Para este cantador,
Que dá aula aos bacharéis.
É treze por doze,é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois , e mais três...
Conversa, não sabe nada,
É uma besta quadrada,
O cantador de vocês...
Você não faz o que eu faço,
Mesmo virando um gigante,
Que eu tenho forças no braço,
Mais do que um elefante.
Tenho garras de leão,
Sou a larva de um vulcão,
Mais quente que as chaminés...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um,
Mais dois e mais três...
Já to de braço doido,
De amassar o pé do ouvido,
Do cantador de vocês...
Quando estou improvisando,
Sou melhor que lampião,
Passo uma hora brigando,
sem botar o pé no chão.
Minha lei é diferente`,
É como antigamente,
Dos tempos dos coronéis...
É treze por doze, é onze por dez,
É nove por oito, é sete por seis,
É cinco por quatro, mais um
Mais dois e mais três...
Me pediram pra parar,
E na pê ia não matar,
O cantador de vocês.
AMAZAM e outro repentista que não lembro o nome.
PARA OS POLÍTICOS ODIADOS POR TODA NAÇÃO BRASILEIRA.
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada
Tá faltando Um guarda peito, um cinturão reforçado,
Chapéu de couro timbrado, e um par de luvas bem feito
Sapato de bico estreito, uma espora aniquilada,
Corda de fazer laçada, pra laçar boi mandingueiro,
Falta um boi vaqueiro, no meu desta boiada!
Falta na nossa nossa nação, respeito, amor e paz.
Falta câmara de gás, para acabar com ladrão,
Falta alguém de posição que acabe esta enrolada,
Tem nego, sem fazer nada, ganhando muito dinheiro,
Falta um boi vaqueiro, no meu desta boiada!
Neste nosso Continente, está sobrando maconha,
Mas tá faltando vergonha, na cara de muita gente,
Falta um touro diferente, que pague a dívida atrasada,
Sem precisar dar chifrada, No bolso do brasileiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada!
Falta alguém, mais competente, que acabe a corrupção,
Dê combate a inflação, e melhore a vida da gente,
Tá faltando simplesmente, mais emprego pra moçada,
Escola pra gurizada, cadeia pra trambiqueiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio
desta boiada!
Eu mesmo já não tolero, o povo já tá cansado,
Vem cruzeiro, e vai cruzado, e fica nesse lerolero,
Bota zero, e tira zero, e tome conversa fiada,
Isso não resolve nada, e desvaloriza o dinheiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada!
Ligo a televisão, pra ver o tele-jornal,
Chego até passar mal, com tanta esculhambação,
É tão grande a confusão, até parece piada,
A desordem está armada, ninguém prende o desordeiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada
Tom Oliveira.
Não sei se ele é o autor
Só sei que ele canta.
Tá faltando Um guarda peito, um cinturão reforçado,
Chapéu de couro timbrado, e um par de luvas bem feito
Sapato de bico estreito, uma espora aniquilada,
Corda de fazer laçada, pra laçar boi mandingueiro,
Falta um boi vaqueiro, no meu desta boiada!
Falta na nossa nossa nação, respeito, amor e paz.
Falta câmara de gás, para acabar com ladrão,
Falta alguém de posição que acabe esta enrolada,
Tem nego, sem fazer nada, ganhando muito dinheiro,
Falta um boi vaqueiro, no meu desta boiada!
Neste nosso Continente, está sobrando maconha,
Mas tá faltando vergonha, na cara de muita gente,
Falta um touro diferente, que pague a dívida atrasada,
Sem precisar dar chifrada, No bolso do brasileiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada!
Falta alguém, mais competente, que acabe a corrupção,
Dê combate a inflação, e melhore a vida da gente,
Tá faltando simplesmente, mais emprego pra moçada,
Escola pra gurizada, cadeia pra trambiqueiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio
desta boiada!
Eu mesmo já não tolero, o povo já tá cansado,
Vem cruzeiro, e vai cruzado, e fica nesse lerolero,
Bota zero, e tira zero, e tome conversa fiada,
Isso não resolve nada, e desvaloriza o dinheiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada!
Ligo a televisão, pra ver o tele-jornal,
Chego até passar mal, com tanta esculhambação,
É tão grande a confusão, até parece piada,
A desordem está armada, ninguém prende o desordeiro,
Falta um boi vaqueiro, no meio desta boiada
Tom Oliveira.
Não sei se ele é o autor
Só sei que ele canta.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
MAIS UMA PARA OS MAUS POLÍTICOS
Eu vi um homem na TV
Me prometendo que este país vai mudar,
Filosofia, tudo é conversa fiada,
Ele não está fazendo nada,
Pra essa terra melhorar.
Reforma agrária
É promessa não cumprida,
Que no decorrer da vida,
Elegeu muito vilão.
Quando a justiça ,
Funciona é muito lenta,
A saúde fraudulenta,
Adoece uma Nação,
Se o salário é mínimo até demais,
É porque os marajás
Tiram tudo que é do povo,
São verdadeiros vigaristas, desumanos,
Que de quatro em quatro anos
Reaparecem de novo!
A inflação disseram
Que foi embora
Na verdade ainda mora,
No centro deste pais,
Eles corrompem,
Nos usando como escudo,
Mas se nós ficarmos mudos,
Somos todos imbecis,
Privatizaram a honra,
Do Brasileiro,
Pra onde foi o dinheiro,
Ninguém sabe, ninguém.
De que adianta, ter virado Presidente
Ter nada de diferente,
Pro futuro do Brasil!
O topetudo continua no poder,
O BIGODUDO NUNCA DEIXOU DE MAMAR,
É o mesmo time que só muda de camisa,
Vem jogar de cara lisa,
Pra poder nos tapear!
E o careca?
Continua no poder...
Esta é mais uma letra de musica
Cantada por , TOM OLIVEIRA
Me prometendo que este país vai mudar,
Filosofia, tudo é conversa fiada,
Ele não está fazendo nada,
Pra essa terra melhorar.
Reforma agrária
É promessa não cumprida,
Que no decorrer da vida,
Elegeu muito vilão.
Quando a justiça ,
Funciona é muito lenta,
A saúde fraudulenta,
Adoece uma Nação,
Se o salário é mínimo até demais,
É porque os marajás
Tiram tudo que é do povo,
São verdadeiros vigaristas, desumanos,
Que de quatro em quatro anos
Reaparecem de novo!
A inflação disseram
Que foi embora
Na verdade ainda mora,
No centro deste pais,
Eles corrompem,
Nos usando como escudo,
Mas se nós ficarmos mudos,
Somos todos imbecis,
Privatizaram a honra,
Do Brasileiro,
Pra onde foi o dinheiro,
Ninguém sabe, ninguém.
De que adianta, ter virado Presidente
Ter nada de diferente,
Pro futuro do Brasil!
O topetudo continua no poder,
O BIGODUDO NUNCA DEIXOU DE MAMAR,
É o mesmo time que só muda de camisa,
Vem jogar de cara lisa,
Pra poder nos tapear!
E o careca?
Continua no poder...
Esta é mais uma letra de musica
Cantada por , TOM OLIVEIRA
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
PARA TODOS OS MAUS POLÍTICOS
Eu não sei vocês, mas eu, não aguento mais ouvir falar de políticos que não dão a mínima para o povo que os elege.
Sempre estão na mídia, em algum escândalo, o pior é que nosso governo finge que não vê, que não escuta, isso só me deixa mais desanimada para a próxima eleição, pois vai chegar o dia que não vai ter mais ninguém em quem confiar para qualquer cargo na política.
Eu tenho um cantor de for ró que amo suas músicas, vou colocar aqui as letras de algumas músicas que ele canta, que diz muito, mais muito mesmo sobre os políticos safados, que conhecemos muito bem.
Sempre estão na mídia, em algum escândalo, o pior é que nosso governo finge que não vê, que não escuta, isso só me deixa mais desanimada para a próxima eleição, pois vai chegar o dia que não vai ter mais ninguém em quem confiar para qualquer cargo na política.
Eu tenho um cantor de for ró que amo suas músicas, vou colocar aqui as letras de algumas músicas que ele canta, que diz muito, mais muito mesmo sobre os políticos safados, que conhecemos muito bem.
Vou perguntar a quem me estiver ouvindo
Pra que é que está servindo essa tal de CPI?
Na esperança de pegar algum ladrão,
Uma grande comissão, pesquisa,aqui, e ali,
Vai descascando a verdade nua e crua,
Mas na hora da recua, num ato de covardia,
Nenhum político vai parar atrás das grades,
Pergunto as autoridades:
SE ISTO É DEMOCRACIA ?
Se uma verba é destinada ao Estado,
O dinheiro é desviado
Sempre há quem passe a mão.
A gente fica,sem ter água, sem açude,
Sem emprego, sem saúde,
Até sem educação.
Sem ter acordo, esse primeiro que some,
Tem gente passando fome,
Dentro da periferia.
Sem assistência, Sem casa, sem cobertor,
Pergunto ao Governador:
SE ISTO É DEMOCRACIA?
Se um sujeito, pula o muro
Da vizinha, passa a mão numa galinha,
Vai parar na detenção,
Mas o político cai na marginalidade,
A tal da imunidade, não deixa ele ir pra prisão,
E quando vai, fica igual a Nicolau,
Na prisão especial, coberto de mordomia,
Em pouco tempo, tá na rua novamente,
Pergunto ao Presidente:
SE ISTO É DEMOCRACIA?
Nosso País, vai sendo entregue as baratas,
Os bandidos de gravatas,massacrando nosso povo.
Se tem um dele sorridente,discursando,
Só está nos tapeando, pra ser eleito de novo.
Nossa Bandeira, tá ficando desbotada,
A Pátria menos amada,piorando a cada dia,
De abrir a boca, quase ninguém tem coragem,
No PAÍS DA SACANAGEM,
ISTO É DEMOCRACIA!!!
outro dia eu escrevo outras letras.
O BEIJO DA MORTE!
Ela se foi para a mansão da morte,
A noite escura, a sua voz calou...
Fiquei jogado a própria sorte
Sem minha amada, que a morte levou.
Lembrando sempre, daquela noite fria
A morte veio, beijou a sua face,
No seu pulso, o sangue não corria.
Sei que só morre, quem um dia nasce.
Dos meus olhos, as lágrimas rolando
Fica não vai, choro implorando,
Mas, você foi, levando nosso enlace!
Adeus amada, adeus anjo de outrora
Deus te abençoe nesta boa hora!
Adeus também, eu li na sua face!!!
Memb.
11 de Agosto de 98
A noite escura, a sua voz calou...
Fiquei jogado a própria sorte
Sem minha amada, que a morte levou.
Lembrando sempre, daquela noite fria
A morte veio, beijou a sua face,
No seu pulso, o sangue não corria.
Sei que só morre, quem um dia nasce.
Dos meus olhos, as lágrimas rolando
Fica não vai, choro implorando,
Mas, você foi, levando nosso enlace!
Adeus amada, adeus anjo de outrora
Deus te abençoe nesta boa hora!
Adeus também, eu li na sua face!!!
Memb.
11 de Agosto de 98
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O COMPRADOR DE BARULHO
O nosso Brasil tem sido
Palco de fatos e lendas,
Aonde muitos valentes,
Nas cidades, nas fazendas,
Se topando um com os outros,
Desfilam pelas contendas.
Um briga pela coragem,
Para mostrar como é forte -
Outro, porém, muitas vezes,
É forçado pela sorte
Jogar a vida e perdê-la
No pano negro da morte.
Ou duma maneira, ou de outra,
O gosto de nossa gente
É ler drama de aventura,
Onde corra o sangue quente -
Por isso, apresentaremos
Mais um caboclo valente.
Desta vez vamos mostrar
O COMPRADOR DE BARULHO,
Evaristo de Oliveira,
Que nasceu no mês de Julho,
Par ser, entre os valentes,
Mais um motivo de orgulho.
Na sua vida Evaristo
Não tinha pena do couro:
Montava em burro selvagem,
Pegava em ponta de touro,
Matava cobra de tapa
E onça pintada de estouro.
- 02 -
Ao completar vinte e um anos,
Tornou-se muito elegante.
Apesar de magricela,
Tinha força de um gigante -
Com um murro era capaz
De matar um elefante!
Gosta muito de briga,
Para mostrar seeu apreço:
Uma encrenca ou uma intriga
Comprava por qualquer preço -
Quando pegava um valente,
Virava-o pelo avesso!
Dar murro de acunhar carro,
Era esse seu orgulho.
Onde ouvesse qualquer briga,
Ele estava no embrulho -
Por isso foi batisado,
O Comprador De Barulho.
Quando tinha uma briga,
Ele mesmo procurava
Um cabra bem valentão
E num pé dele pisava -
Com empurrão e bofetes,
Nessa hora o pau quebrava!
Um dia numa budega,
Evaristo ia passando,
Quando ouviu que no balcão
Tinha alguém o convidando.
Ele foi até a porta,
Ver quem o estava chamando.
Era o dono da bodega,
Pedindo socorro urgente:
Estava de bucho azul,
De bater tanta aguardente -
Tinha bebido dois litros,
Forçado por um valente!
Um desordeiro, que tinha
O nome de Quebra Faca,
Tinha cada braço grosso,
Que parecia uma estaca,
Olhando Evaristo disse:
- Entre, para levar taca!
- 03 -
Este bodegueiro ia
Beber toda aguardente
Que tem nessas pratileiras,
Porém, você felizmente,
Chegou e vai ajuda-lo.
Pra provar que é valente!
Evaristo disse - Graças
A Deus, achei um amigo,
Que me arranjou uma briga!
Há tres dias que não brigo -
Estou de pernas cansadas,
Procurando um inimigo!
Entrou, dizendo: - Você
Não conhece quem sou eu!
Um tapa de mão aberta
O bandido recebeu
Por cima da lataria,
Porém nem sequer pendeu.
Quando quis sacar as armas,
Viu a perna de Evaristo
Pega-lo no baixo-ventre,
Para deixar o registro.
O cabra subiu gritando:
- Valei-me, Meu Jesus Cristo!
Quando caiu no balcão,
Pôde mover um colosso
De braço, que segurou
Evaristo no pescoço.
E disse: - Em você, agora,
Eu não deixo inteiro um osso!
Nessa chave de pescoço,
Evaristo viu a morte.
Meteu os pés no balcão.
Deu um impulso tão forte,
Que caiu sobre o bandido,
Ajudado pela sorte.
Já sufocado, morrendo,
Somente ouvindo um zumbido,
Conseguiu meter os dedos
Nos dois olhos do bandido,
Que lhe afrouxou o pescoço,
Soltando o maior gemido.
- 04 -
Com as duas mãos no rosto,
Como a brincar cabra-cega,
Quebra-Faca rodeava.
O moço disse: - Colega,
Vai pagar tudo que fez
Com o dono da bodega!
Ainda arfando, Evaristo
Pegou com disposição
Quebra-Faca pelo cós
E sentou-o no balcão
Pedindo depois dois litros
De conhaque alcatrão.
Disse para Quebra-Faca:
- Você mesmo se castiga!
Vai beber este conhaque,
Para ver se depois briga -
Quero ver você quebrar
Minha faca na barriga!
Nisso, Evaristo fincou
A peixeira no balcão.
Quebra-Faca disse: - Eu bebo
Vinte litros de alcatrão
Porque a minha barriga
Nunca quebra este facão!
Quando o bandido bebeu
OS dois litros de conhaque,
Evaristo deu-lhe um chute,
Como ponto de destaque.
O cabra correu, pendendo -
Cada passada era um baque!
Por sua infelicidade,
Ia passando uma vaca,
Pegou o pobre nas pontas
E jogou-o numa estaca
Ele morreu estrepado -
Nuca mais foi Quebra-Faca
Evaristo resolveu-se
A fazer uma viagem -
Dar uma volta ao mundo,
Sair da camaradagem,
Para procurar com quem
Testar a sua coragem.
-05 -
Já perto de uma fazenda,
Um homem vinha correndo.
Disse: - Meu amigo, volte!
Ouça o que lhe estou dizendo,
Porque, se continuar,
Pode terminar morrendo!
Lá na casa da fazenda,
A situação é séria:
Na festa do casamento
Da sertaneja Valéria,
Tem um grupo de bandidos
Fazendo a pior miséria!
O chefe dos assassinos,
Conhecido por Caveira,
Tem mais de cinquenta mortes -
Mata como brincadeira.
E depois arranca os olhos
Com a ponta da peixeira!
Entrou com mais onze cabras,
Começando o sururu:
Fez todos tirarem as roupas,
Para mexer o angu -
Quem não consegui correr,
Está lá dançando nú!
Evaristo disse:- Amigo,
Eu vou lá dançar também
Com o grupo de capamgas,
Para ver quem dança bem =
Quero saber se o Caveira
Dança baião e xerém!
Correu e, vendo a fazenda,
Desmontou-se na porteira,
Caminhou até a porta.
De onde viu a brincadeira -
A noiva dançava nua,
Abraçada por Caveira.
As roupas lá num recanto,
Todos estavam despidos.
Ao som de uma concertina,
Dançavam desprevenidos -
Somente pelos chapéus
Destacavam-se os bandidos.
- 06 -
Em cada chapéu havia
Desenhada uma caveira,
Porém o chapéu do chefe
Modificava a maneira -
A caveira era bem grande,
Mostrando ser a primeira.
Evaristo observou
Os bandidos desarmados -
Viu, no recanto das roupas,
Os cinturões agarrados,
Cartucheiras e revólveres,
Com os punhais desprezados.
Saiu, se desconversando,
Entrou por uma janela.
Ninguém na sala deu fé,
Pois ele fez com cautela -
Os bandidos nem pensavam
Numa surpresa daquelas
Já portando dois revólveres
Mostrando um em cada mão,
Deu um grito: - Meus senhores,
Prestem-me toda atenção!
Também quero fazer parte
Da festa deste salão!
Parou tudo de repente,
Todos olharam assombrados -
Os bandidos que eram doze,
Ficaram paralizados,
Com todos os dançarinos,
Como que petrificados.
Continuou Evaristo:
- Peço a todos por Jesus,
Se afastem destes bandidos -
Quero matar todos nus,
Para que não dêem tabalho
Aos bicos dos urubus!
E disse para os bandidos:
- Hoje ninguém os socorre!
Vão pagar todos os crimes
E daqui um só não corre -
Aquele que se mexer,
Esse é o primeiro que morre!
- 07 -
Chamou o dono da casa
E disse: - Vá amarrando
Todos esses cabras nus,
De dois em dois encangando,
Com as mãos atrás das costas -
Menos o chefe do bando!
Porém, o povo correndo,
Deixando os bandidos sós,
Caveira acordou do susto.
Foi ouvida sua voz,
Dizendo: - Vamos mata-lo,
Antes que ele mate a nós!
Os bandidos avançaram,
Quando foi ouvida a fala,
Porém, igual a mangaba,
Iam caindo na sala,
Agarrados com a morte,
Cada um com sua bala.
Usando os dois trinta-e-oito,
Evaristo disparou
Com rapidez nos capangas
Um só tiro não errou:
Onze balas onze mortos -
Só o Caveira ficou.
Isso porque Evaristo
Achou que fazia pouco
Matando todos a tiro -
Com uma idéia de louco,
Deixou o Caveira vivo,
Para matá-lo de soco.
Caveira era um tipo alto,
Corpulento e musculoso,
Corajoso e valentão,
Muitas vezes criminoso -
Frio, sagaz e perverso,
Desumano e perigoso.
Evaristo disse: - Agora
Se prepare valentão,
Que eu vou lhe dar uma surra,
À minha satisfação,
Que você vai se lembrar
Noutra reencarnação!
- 08 -
O bandido respondeu:
- Dessa vez você se engana!
Num corpo a corpo comigo,
Você vai virar banana,
Pois eu tenho resistência,
Pra lutar uma semana!
Evaristo ainda disse:
- Você vai ser seu engano!
Vou dar um murro em sua cara,
Para voar o tutano -
Você luta uma semana
Eu posso lutar um ano!
Caveira disse: - Eu quero
Vira-lo pele avesso!
Nesse momento, partiu -
A luta teve começo,
Porém um só murro dele
Não encontrava endereço.
Pois Evaristo dançava
Pela frente do bandido,
Fazendo o jogo de pernas,
Bem coberto e prevenido -
Sempre enganava o Caveira,
Não dava um soco perdido.
Quando Evaristo batia,
Caveira cambaleava.
Pelos socos recebidos
A cara se deformava -
Voavam tacos de couro,
Enquanto o sangue espirrava.
Numa cruzada de esquerda,
Evaristo lhe acertou
A sobrancelha direita,
Que o olho longe voou
O murro foi tão bem dado,
Que até o crânio rachou!
Caveira disse: - Estou vendo
Muita fumaça passando...
Já sinto a vida fugindo,
Parece que estou sonhando
Já sinto o inferno aberto
E Satanás me esperando!...
- o9 -
O bandido apresentava
A situação tão séria,
Que só lhe faltava a alma
Abandonar a matéria,
Porque tinha a cara toda
Em petição de miséria!
Toda amassada e ferida,
Os olhos esbugalhados;
A venta era uma paçoca,
Muitos dentes pendurados -
Balançando, sobre o queixo,
Os lábios estraçalhados.
Nesse momento, Evaristo,
Usando de toda a calma,
Deu-lhe um soco de direita,
Que o satanás bateu palmas
No canto de uma parede,
O corpo caiu sem alma!
No mesmo instante, a policia
Entrou com o delegado,
Porque o homem, que tinha
A Evaristo avisado,
Correu até a cidade,
Onde contou o passado.
Quando o delegado viu
O panorama da festa,
isse para os seus soldados,
Passando a mão pela testa:
- Nunca vi em minha vida
Uma bagaceira desta!!
O fazendeiro contou
Como tudo aconteceu -
O que os bandidos fizeram,
Como Evaristo venceu
Na batalha corpo-a-corpo,
Como Caveira morreu.
Quando o delegado ouviu
O relato conciente,
Olhou Evaristo e disse:
- Você é forte e valente!
Merece uma recompensa
Pelo que fez pela gente!
- 10 -
Evaristo respondeu:
- Não quero receber nada -
Eu devia até pagar
Uma quantia avultada,
Por essa oportunidade
Para dar uma brigada!
Pois, para mim, delegado
Não faço luta perdida:
Brigar é o melhor esporte,
Cada briga é uma partida -
Só mato, se for forçado
A defender minha vida!
Ouvindo aquela resposta,
O ilustre delegado
Mandou enterrar os mortos,
Deu tudo por terminado.
Evaristo viajou,
Em busca de um povoado.
Já perto, ia escurecendo.
Ele pedio hospedagem
Numa casa, onde gozou
De boa camaradagem
Jantou e passou a noite,
Descansando da viagem.
Viajou pela manhã.
Ao passar num povoado,
Era um Domingo de sol,
O povo estava animado -
Tinha uma roda de gente,
Na sombra de um pau copado.
Evaristo ia passando,
Quando ouviu a gritaria -
Com gritos e gargalhadas,
O povo se divertia.
O rapaz foi até lá,
Para saber o que havia.
Quando riscou o cavalo,
Dentro da roda foi vendo
Dois galos se estraçalhando -
O sangue estava descendo,
Penas voando nos ares
E o povotodo torcendo.
- 11 -
Evaristo achou os gritos
Degradantes, repelentes -
Como era que tantos homens,
Humanos e consciente,
Se alegravam com a desgraça
De dois galos inocentes?!...
Pensando assim, perguntou:
- Quais são os donos dos galos,
Entre estes covardes todos?
Pois eu vou recompensa-los -
Para aumentar mais a festa,
Quero pisar nos seus calos!
E, para maior assombro,
Assim dizendo, pulou,
No meio do pessoal,
Os dois galos separou.
Como que todos pasmados,
Um só homem não falou.
Evaristo, olhando a todos,
Disse: - De mim ninguém mangue!
Aonde perderam as linguas?
Voces não queriam sangue -
Por que ficaram calados?
Falem, antes que eu me zengue!
Desalmados, desumanos,
Repugnantes, serpentes!
Vendo dois galos brigando,
Acham que ficam valentes -
Enxaguando a covardia
No sangue dos inocentes!
Nesse momento, um do grupo
Destacou-se e disse: - Amigo,
Saiba que não sou covarde
Enfrento qualquer perigo!
Eu sou dono de um galo
E não rejeito inimigo!
Evaristo disse: - Bravo!
Em você eu tenho fé!
O dono do outro galo
Desejo saber quem é,
Para uma briga entre os dois -
uero ver quem toma pé.
- 12 -
O homem disse, apontando:
- O outro dono é aquele!
Evaristo disse: - Agora,
Você vai brigar com ele -
Quero ver sangue correr,
Tanto em você como nele!
A briga vai ser sem armas,
Para haver pouco perigo -
Será de unhas e dentes.
Quem vencer o inimigo,
Quando descansar três horas,
Terá que lutar comigo!
O outro homem gritou:
- Não faço uma coisa desta!
Evaristo disse: - Faz!
Quero ver se você presta -
Porque, ou aceita a briga,
Ou uma bala na testa!
Bateu mãos aos dois revólveres,
Disse: - Vamos começar!
Vocês gostam de ver briga,
Hão de gostar de brigar -
Eu só quero ver quem vence,
Para depois me enfrentar!
Os dois tiraram as camisas
E se pegaram no soco,
Pontapé e cabeçada,
Por cima de pedra e de toco -
Um dava queda no outro,
Mas o povo achava pouco.
Isso mais de duas horas -
Os dois estavam cansados,
Sangue escorrendo das ventas,
Beiços e dentes quebrados,
Muitas feridas nos corpos,
Olhos roxos e inchados.
Até que, numa topada,
Os dois no chão desabaram
Por quase cinco minuros,
Desacordados ficaram
Evaristo bateu palmas,
Disse; - Vocês empataram!
- 13 -
Um engraçado do grupo
Disse: - Agora, meu amigo,
Você se faz de valente,
Mas não enfrenta o perigo -
Para provar o que diz,
Quer trocar soco comigo?
O tipo era alto e forte,
Tinha cara de leão -
Um vaqueiro acostumado
A derrubar barbatão:
As munhecas pareciam
Com duas mãos de pilão
Evaristo, quando olhou
Para a cara do gaiato,
Que viu o tipo do bicho,
Parecendo o pai- do mato,
Pensou consigo: - Encontrei
A forma do meu sapato!
Porém disse sem demora;
- Não temo a nenhum perigo!
Aceito o seu desafio,
Para provar o que digo -
Pode tirar a camisa
E trocar soco comigo!
Ouvindo aquelas palavras,
O cabra deu um esturro,
Partiu pior que uma fera,
Dando coice como burro -
Quando Evaristo deu fé,
Estava levando murro.
Também não contou conversa:
Enfrentou o valentão.
Os assistentes gritavam:
- Queremos ver, fanfarrão,
Como é que você aguenta
Os murros do Domingão!
Nesse momento , Evaristo
omente se defendia -
Dançava, fazendo o jogo,
Os bofetões rebatia,
Enquanto o povo, animado,
Só por Domingão torcia.
- 14 -
A luta continuava:
Evaristo se esquivando,
Rebatendo as bofetadas,
O vaqueiro se cansando -
Sem acertar no rapaz,
Pouco a pouco fracassando.
Mesmo assim, muito cansado,
O vaqueiro não corria
O seu braço arrasador
No momento em que descia,
Se batesse em Evaristo,
Até a arma morria.
Porém Domingão suava,
Sentindo os nervos cansados -
Já se encontrava sem forças,
Com os braços esfolados,
As munhecas bem inchadas,
Com alguns dedo quebrados.
Evaristo, conhecendo,
Vendo ele cambalear,
Embora também cansado,
Começou a aproveitar,
Batendo com as duas mãos,
Pensando ve-lo tombar.
Porém estava enganado:
Quando os murros recebia,
Domingão, como plantado,
Balançava e não caia!
O povo, todo pasmado,
Não falava e nem torcia.
Evaristo, não sentindo,
Os murros de Domingão,
Também parou de bater.
O vaqueiro, sem ação,
Ficou, parecendo ter
Os pés plantados no chão.
Evaristo disse a todos:
- Já não vou mais castiga-los,
Porém, quando eu voltar,
Encontrar briga de galos,
Faço os donos engoli-los
Com penas, sem mastiga-los!
-15 -
Montou-se no seu cavalo,
Deu um adeus com a mão -
Em passada de galope,
Embrenhou-se no sertão,
Por uma estrada esquisita,
Sem saber a direção.
Dois dias sem encontrar
Vilas nem povoações,
Onde pudesse comprar
As principais previsões -
Somente encontrava água
Nas pedras, nos calderões.
No terceiro dia, à tarde,
Penetrou por um cercado,
Porém adiante perdeu-se
Numas veredas de gado.
Sem acertar o caminho,
Caiu num mato fechado.
Quando estava escurecendo,
Parou em uma clareira,
Desarreou o cavalo,
Junto a uma catingueira,
Botou-o para pastar,
Depois fez uma fogeira.
Assou carne, e com farinha
E rapadura comeu.
Perto tinha um calderão,
Foi buscar água e bebeu,
Também deu a seu cavalo
Nesse instante escureceu.
Subiu-se e armou a rede
Nos galhos da catingueira.
Deito-se e ficou fumando.
De cima olhando a fogueira,
Com o revólver na mão,
Alisando a cartucheira.
Pelo cansaço, dormiu,
Como quem está numa espera.
Muito depois, acordou-se
Sem saber que hora era,
Com relinchos do cavalo
E os rugidos de uma fera.
16 -
Olhou no escuro e viu
Uma sombra se bolindo -
Era uma onça pintada,
De vez em quando, rugindo,
Debaixo da catingueira,
O cheiro dele sentindo.
O rapaz, observando,
Viu os dois olhos da fera,
Parecendo duas brasas.
Foi quando entendeu quem era
Já procurando subir,
Em busca da sua espera.
A onça sentindo o cheiro,
Procurou subir mais cedo.
Evaristo fez a mira
Com o revólver, sem medo -
Apontou entre os dois olhos
Depois apertou o dedo.
No tiro a bruta caiu,
Soltando um triste rugido.
Mais tres ou quatro correram,
Na hora do estampido,
Com miados assombrosos,
No mais tremendo alarido.
Foi quando Evaristo viu
Que tinha estado cercado
Por muitas feras famintas.
Como que tinha sonhado -
Só por um milágre, não
Tinha sido devorado!
De manhã, quando desceu,
A onça estava estirada.
Não pensou nem um segundo -
Preparou sua montada
E saiu, beirando um corrego,
A procura de uma estrada.
Depois, saiu num caminho,
Disse: - Que Jesus me ajude!
Foi vendo o mato mais verde,
Como tendo mais saúde -
O córrego parecia
O sangrador de um açude.
- 17 -
As nove horas do dia,
Foi ouvindo uma zoada:
Duas pessoas falando,
Vezes com voz alterada -
Enquanto uma lastimava,
Outra dava gargalhada.
Ele saltou do cavalo,
Amarrou-o e foi descendo,
Sempre andando com cuidado,
Se abaixando e se escondendo,
Para saber bem de perto
O que estava acontecendo.
Usando a maior cautela,
Quando foi se aproximando,
Viu, num açude bonito,
Uma moça se banhando,
Dois cavalos amarrados
E um rapaz gargalhando.
Ela estava mergulhada,
Só a cabeça de fora.
De lá, gritou numa prece:
- Valei-me Nossa Senhora!
Defendei-me deste monstro,
Que tanta honra devora!
Evaristo, vendo quilo,
Não sabia qual o fim.
Daquela cena dramática,
Quando o rapaz disse assim:
Eu nasci para você -
Você nasceu para mim!
Saia logo dessa água,
Não lhe adianta mergulho:
Estamos nós dois sozinhos,
Hoje quebro seu orgulho!
Aqui, ninguém a socorre -
Para que fazer barulho ?
Hoje, aqui é o paraiso,
Começando a Criação...
Do seu corpo majestoso,
Quero ver a perfeição -
Você vai ser minha Eva
Eu serei o seu Adão!
- 18 -
Você sabe quem sou eu,
Preciso que me obedeça!
Ninguém pode defende-la,
Nem que Jesus do céu desça -
Ou sai dai, ou lhe meto
Uma bala na cabeça!
Nisso, a moça respondeu:
- Nem na terra, nem na lua,
Enquanto eu estiver viva,
Você nã me verá nua!
Prefiro morrer cem vezes,
Do que uma vez ser sua!
O rapaz, enfurecido,
O seu revólver puxou.
Quando apontou para a moça,
Outra arma disparou -
Sentiu um chque no braço
E seu revólver voou.
Virou-se e viu Evaristo,
Com o revólver na mão,
Dizendo: - Eu sou o Senhor -
Vim para salvar Adão.
De comer das mãos de Eva
A maçã da perdição!
Eu ouvi você dize
Que aqui era o paraíso,
Você Adão e ela Eva
Então Deus era preciso,
Para plantar a vergonha
Nas terras do seu juízo!
Dê as costas para o açude,
Passe para minha frente -
Também vou ficar de costas,
Para que essa inocente
Possa sair e vestir-se,
Sem ser vista pela gente.
O bandido obedeceu,
Pensando depois correr.
O rapaz logo entendeu
O que ele pensou fazer
E lhe disse: - Fique quieto!
É melhor do que morrer!
- 19 -
Depois, disse para a moça:
Por ordem do criador,
Pode sair e vestir-se,
Sem medo do tentador,
Pois Adão não quer mais ve-la,
Obedecendo ao senhor!
Salvelina, vendo os dois,
Evaristo e Valderez,
Lá de costas para ela.
Perdeu toda timidez -
Saiu da água correndo,
Vestiu-se com rapidez.
Também portando um revólver,
Completamente vestida,
Chegou perto e disse: -Moço,
Você salvou minha vida
Das garras deste assassino -
Estou muito agradecida!
Você é desconhecido,
Não conhece este infeliz -
Com mais de cinquenta moças
Ele já fez o que quis,
Não teme as autoridades,
Delegado, nem Juiz,
Porque o pai dele é rico,
Protetor de cangaceiros
Ostenta nas suas hostes
Uns quarenta pistoleiros,
Dobrando as autoridades,
Assombrando os fazendeiros.
Nesta zona, só se fala
No coronel João Romeu:
Quem teve questão com ele
De qualquer forma perdeu -
Se não quis morrer, fugiu;
Se não quis fugir, morreu!
Você fez isso, porém,
Meu coração não descansa:
Este bandido e seu pai
Vão tomar uma vingança -
Em mim e minha familia,
Farão a maior matança!
- 20 -
Eu devia era mata-lo,
Porém pode ser pior -
Quando o pai dele souber,
Faz a desgraça maior!
Evaristo disse: - Qual!
Quanto mais briga melhor!
Deixe essa questão comigo,
Tomo tudo para mim:
Ando comprando barulho,
Não gosto de cabra ruím -
Quando entro numa encrenca,
Vou até chegar o fim!
Salvelina disse: - Moço,
Valderez é um imundo!
Ele, o pai e os cangaceiros
Acabam com todo mundo!
Evaristo respondeu:
- Eu não temo a vagabundo!
Logo para começar,
Eu vou lhe rasgar o mapa:
Vou dar-lhe uns sessenta murros,
Fazer-lhe a cara uma chapa -
Como ele gosta de moça,
Também vai gostar de tapa!
Assim dizendo, gritou:
- Pode virar-se, rapaz!
Não lhe adianta correr -
Faça como um homem faz,
Que vai levar uma pisa,
De assombrar o satanás!
Valderez, logo, virou-se
E da cintura sacou
Uma peixeira afiada,
Para Evaristo voou.
Salvelinda, vendo a faca,
Com medo, os olhos fechou.
No vôo que Valderez deu,
Evaristo viu o aço,
Deu um pulo para um lado.
Quando ainda no espaço,
Vendo o bandido passar,
Meteu-lhe a mão no cachaço.
- 21 -
Sem botar os pés no chão,
Valderez continuou
Procurando em que pegar,
Porém, como nada achou,
De cabeça´para baixo,
No açude tibungou.
Salvelina abriu os olhos,
Olhou o moço e gemeu.
Não vendo o bandido, disse:
- O que foi que aconteceu?
Aonde está Valderez -
Virou fumaça ou correu?
Evaristo disse: - Veja!
Aconteceu algo estranho:
Eu dei-lhe somente um tapa,
Que ninguém mede o tamanho,
Ele caiu no açude -
Lá está tomando banho!
Salvelina, olhando, viu
Ele subindo e descendo,
Gritando e bebendo água,
Com as duas mãos batendo,
Como quem pede socorro
Na hora que está morrendo.
Uma vara bem comprida
Logo Evaristo encontrou.
Jogou uma ponta na água,
O bandido se agarrou -
O moço arrastou-o, Porém,
Saindo ele desmaiou.
Evaristo pôs o bicho
De cabeça para baixo -
Começou a correr água,
Que parecia um riacho,
Pela venta e pela boca.
Ele disse: - Aguenta macho!
Quase duas latas de água
O bandido vomitou -
Esteve entre a vida e a morte,
Pouco a pouco melhorou.
Depois que voltou a si,
Evaristo perguntou:
- 22 -
- Que tal o banho, gostou?
Já esfriou o juízo?
Como Eva se banhou,
Achei que fosse preciso
Adão também se banhar
Nas águas do paraíso...
Valderez disse: - Eu não quero
Saber de Adão, nem de Eva,
De Deus, nem de Paraíso,
De céu, de luz, nem de treva -
Porque, somente de um tapa,
Quase o satanás me leva!...
Evaristo disse: - Agora,
Eu preciso remove-lo:
Vou levalo com a moça,
Só para o pai dela ve-lo -
Mesmo, talvez, lá precise
Ele sentar seu cabelo...
Valderez disse: - Nem pense
Nessa besteira maldito!
Pois, quando meu pai souber,
Faz um trabalho bonito:
Vai lá, acaba com tudo,
Não deixa vivo um mosquito!
Evaristo respondeu:
- Não tem jeito - Você vai,
Para pagar o que fez!
Depois, vou topar seu pai -
Dar-lhe um soco entre os dois olhos,
Ver onde a cabeça cai!
Nisso, chamou Salvelina
E uma ordem lhe deu,
Para trazer seu cavalo.
A menina obedeceu.
Os tres cavalos selados,
Cada um montou o seu.
Evaristo advertiu:
- Rapaz eu vou avisa-lo:
Não tentecorrer, porque
Estou sempre a vigia-lo -
Se lembre bem que uma bala
Corre mais que seu cavalo!
- 23 -
Eva seguia na frente,
Acompanhada de Adão,
Em seguida ia o Senhor,
Com um revólver na mão -
Assim, chegaram à fazenda,
Sem nenhuma tentação...
Evaristo contou tudo,
Sem nada de gabolice,
O senhor Joaquim Sotero,
Pai de Salvelina, disse:
- Eu nunca pensei na vida
De ver tanta canalhice!
Eu já não sei o que faço!
(Disse o velho a Evaristo).
Agora, estou desgraçado,
Você pode dar por visto -
O pai dele é um satanãs,
E o filho é um Anticristo!
O rapaz disse sorrindo:
- Com a força do Eterno,
Os punhos e dois revólveres,
Tenho um poder mais moderno -
Satanás e Anticristo,
Eu boto tudo no inferno!
Não tenha medo meu velho:
Deixe o barulho comigo!
Há muitos dias que eu ando
Procurando um inimigo -
Só deixo esta região,
Quando não houver perigo!
Vou mandar o filho agora
Ir ao pai dar meu recado,
Para ver se ele se assanha
E vem com seu grupo armado -
So gosto de tocar fogo
Em manganbá assanhado!
O velho disse: - Rapaz,
Acho que fez uma asneira,
Porque o pai deste monstro,
Quando emborca no Teixeira
Com vinte ou trinta capangas -
Nesse dia não tem feira!
-24 -
Corre o povo da cidade,
Todo comércio é fechado.
Para enfrentar os bandidos,
Não parece um soldado,
Porque um destacamento
Já foi todo assassinado!
Evaristo disse: - Pois
È lá que quero encontra-lo!
Ele é valente, eu sou forte -
Ele vai ver como um galo,
Transformado num jumento,
Quebra a cara de um cavalo!
Nisso disse a Valderez:
- Vá logo a seu pai e diga
Que venha para o Teixeira,
Olhar como um macho briga
De trinta e seis qualidades,
Sem sentir dor de barriga!
Diga que pode trazer
Toda sua capangagem -
Lá, todos receberão
O bilhete da passagem
Da terra para o inferno,
Na derradeira viagem!
E diga, também, que a ida
Deste para o outro mundo,
Ele faz sem sentir nada:
Não fica nem moribundo -
Vai montado numa bala,
Chega em menos de um segundo!
Nisso saiu Valderez
Numa tremenda carreira.
Evaristo perguntou:
A distância até Teixeira.
O velho disse: - Seis léguas -
E amnhã lá tem feira!
Evaristo disse: - Então,
A coisa só presta quente!
Vou sair agora mesmo,
Para chegar lá na frente,
Avisar ao delegado
E previnir toda gente.
- 25 -
Salvelina disse: - Moço,
Eu não pretendo ofende-lo!
Só lhe peço que não vá
Cair nesse desmantelo -
Porque, indo, no seu corpo,
Não fica inteiro um cabelo!
Em troca do meu pedido,
Lhe ofereço o meu amor!
Evaristo disse: - Aceito,
Porém lhe peço o favor
De me deixar acabar
O fantasma do terror!
Pode ficar esperando,
Que vou e volto em seguida -
Quero fazer uma briga,
Que fique por despedida,
Para que seja lembrada
Durante o resto da vida!
Salvelina disse: - Então
Receba de mim um beijo!
Evaristo aproximou
A vontade do desejo
E beijou aquela boca
Que tinha gosto de queijo.
Depois do beijo, partiu.
Quando chegou em Teixeira,
Falou com o delegado -
Traçou a melhor maneira
Para pegar o bandido
Com a sua cabroeira.
Enquanto isso, na fazenda,
Valderez tinha contado
Ao coronel João Romeu
O que havia se passado -
Para irritar mais o velho,
Deu de Evaristo o recado.
O coronel João Romeu
De tres berros com um bode,
Dizendo: - Cabra safado!
Por que faz o que não pode?!...
Com um puxão, quase arranca
Uma banda do bigode.
- 26 -
- Covarde, você merece
ofrer tudo que sofreu!
Só vou vinga-lo porque
Quero mostrar quem sou eu -
Niguém pisa na barriga
Do coronel João Romeu!
Convide vinte rapazes
Que queiram jogar na sorte -
Só quero homem valente,
Corajoso e muito forte,
Que entre na porta da vida,
Saia na boca da morte!
Partiu com os vinte cabras,
Seguido por Valderez,
Dizendo: - Hoje, em Teixeira,
Eu vou mostrar a vocês
Como é que faço carniça
Que urubu come num mês!
Enquanto Evaristo estava
Esperando na estrada,
Foi avistando os bandidos
Numa curva da estrada.
Um rapaz disse, apontando:
- Lá vem a rapaziada!...
Já na estrada da rua,
Os cabras foram parados.
Depois, pelo coronel,
Em dois grupos separados -
Pelo pai e pelo filho
Os dois eram comandados.
Evaristo, de uma esquina,
Tudo, tudo observava -
Viu quando o grupo do velho
Na outra esquina dobrava,
Enquanto o de Vaderez
Por perto dele passava.
Deu um pulo na calçada,
Um revólver em cada mão -
Caiu no meio da rua,
Dando um estouro no chão,
Que deixou os onze cabras
Como vendo assombração!
- 27 -
Disse gritando bem alto:
- Amigos, está na hora
De, quem tiver, botar logo
A coragem para fora!
Quem quizer morrer primeiro,
È só se mexer agora!
Valderez, quando avistou
Evaristo em sua frente,
Ficou louco, se tremendo,
Como quem está doente,
Mordendo a lingua e os beiços,
Batendo dente com dente.
Porém, saindo do êxtase,
Deu um grito em alta voz:
- Rapazes! Atirem nele,
Antes que ele atire em nós!
È o comprador de barulho,
Que no combate é feroz!
Nesse instante, dois bandidos,
Inocentes se mexeram.
Antes de puxar as armas,
Duas balas receberam -
Cairam como dois pássaros,
Estrebuchando, morreram.
Vendo Valderez tremer,
Todos tremiam também.
Olhando os colegas mortos,
Quizeram correr, porém,
Evaristo deu um grito:
- Daqui não corre ninguém!
Nesse instante, como que
O Diabo os encorajou:
Os oito puxaram as armas,
Porém nenhum atirou,
Porque oito tiros certos
Evaristo disparou.
De puxar o seu revólver,
Valderez não faz nem gesto.
Vendo os seus capangas mortos,
Disse em forma de protesto:
- Se prepare, que meu pai
Vem ali trazendo o resto!
- 28 -
De fato, quando Evaristo
Foi a vista Levantando,
Avistou os dez bandidos
E o coronel comandando.
Ele disse: - Agora, sim
A festa está melhorando!
Evaristo com um pulo,
Pegou Valderez e deu
Um pescoção a seu jeito -
O bandido amoleceu.
Já lhe servindo de escudo,
Várias balas recebeu.
Estribuchando, morrendo,
Foi caindo para um lado.
Evaristo foi com ele
E caiu entrincheirado
No cadáver do bandido,
Com um revólver empunhado.
Três vinham correndo, em fila,
Para salvar Valderez.
Evaristo deu um tiro,
Que a bala com rapidez,
Ainda atravessou dois -
Porém derribou os tres.
O que vinha mais atrás
Pendeu, desequilibrou-se,
Caiu por cima dos outros.
Como um raio levantou-se,
Mas recebeu uma bala -
Caiu de novo, aquietou-se.
Estando com os revólveres
Agora descarregados,
Viu que os oito bandidos
Estavam sendo atacados
Por um sargento e um cabo,
Um paisano e seis soldados.
Ai, criou alma nova,
Ficou quieto na trincheira.
Um cabra vinha correndo,
Ele deu-lhe uma rasteira -
Quando o bandido caiu,
Foi engolindo peixeira.
- 29 -
Porém, naquele momento,
O sargento João Calisto
Já tinha prendido todos
Os cabras que tinha visto -
Somente o velho correu
Para o lado de Evaristo.
O velho pensou que tinha
Feito o sargento de bobo.
Saiu correndo de banda,
Igual a quem faz um roubo -
Foi cair de corpo aberto
Dentro da boca do lobo!
Para o coronel parar,
Evaristo deu-lhe um murro -
O velho, como quem tinha
Levado um coice de burro,
Com o pescoço partido,
Caiu sem dar um sussurro.
Seis bandidos na cadeia
E dezesseis sepultados:
Evaristo e Salvelina
Devidamente casados -
Com isso, todos ficaram
Felizes e sossegados!
-A sorte pintou o drama,
-Lentamente com um giz:
-Mesmo sendo barulhento,
-Evaristo foi feliz.
-Isso fez sem ter orgulho:
-Deixou de comprar barulho -
Assim seu destino quis!
Palco de fatos e lendas,
Aonde muitos valentes,
Nas cidades, nas fazendas,
Se topando um com os outros,
Desfilam pelas contendas.
Um briga pela coragem,
Para mostrar como é forte -
Outro, porém, muitas vezes,
É forçado pela sorte
Jogar a vida e perdê-la
No pano negro da morte.
Ou duma maneira, ou de outra,
O gosto de nossa gente
É ler drama de aventura,
Onde corra o sangue quente -
Por isso, apresentaremos
Mais um caboclo valente.
Desta vez vamos mostrar
O COMPRADOR DE BARULHO,
Evaristo de Oliveira,
Que nasceu no mês de Julho,
Par ser, entre os valentes,
Mais um motivo de orgulho.
Na sua vida Evaristo
Não tinha pena do couro:
Montava em burro selvagem,
Pegava em ponta de touro,
Matava cobra de tapa
E onça pintada de estouro.
- 02 -
Ao completar vinte e um anos,
Tornou-se muito elegante.
Apesar de magricela,
Tinha força de um gigante -
Com um murro era capaz
De matar um elefante!
Gosta muito de briga,
Para mostrar seeu apreço:
Uma encrenca ou uma intriga
Comprava por qualquer preço -
Quando pegava um valente,
Virava-o pelo avesso!
Dar murro de acunhar carro,
Era esse seu orgulho.
Onde ouvesse qualquer briga,
Ele estava no embrulho -
Por isso foi batisado,
O Comprador De Barulho.
Quando tinha uma briga,
Ele mesmo procurava
Um cabra bem valentão
E num pé dele pisava -
Com empurrão e bofetes,
Nessa hora o pau quebrava!
Um dia numa budega,
Evaristo ia passando,
Quando ouviu que no balcão
Tinha alguém o convidando.
Ele foi até a porta,
Ver quem o estava chamando.
Era o dono da bodega,
Pedindo socorro urgente:
Estava de bucho azul,
De bater tanta aguardente -
Tinha bebido dois litros,
Forçado por um valente!
Um desordeiro, que tinha
O nome de Quebra Faca,
Tinha cada braço grosso,
Que parecia uma estaca,
Olhando Evaristo disse:
- Entre, para levar taca!
- 03 -
Este bodegueiro ia
Beber toda aguardente
Que tem nessas pratileiras,
Porém, você felizmente,
Chegou e vai ajuda-lo.
Pra provar que é valente!
Evaristo disse - Graças
A Deus, achei um amigo,
Que me arranjou uma briga!
Há tres dias que não brigo -
Estou de pernas cansadas,
Procurando um inimigo!
Entrou, dizendo: - Você
Não conhece quem sou eu!
Um tapa de mão aberta
O bandido recebeu
Por cima da lataria,
Porém nem sequer pendeu.
Quando quis sacar as armas,
Viu a perna de Evaristo
Pega-lo no baixo-ventre,
Para deixar o registro.
O cabra subiu gritando:
- Valei-me, Meu Jesus Cristo!
Quando caiu no balcão,
Pôde mover um colosso
De braço, que segurou
Evaristo no pescoço.
E disse: - Em você, agora,
Eu não deixo inteiro um osso!
Nessa chave de pescoço,
Evaristo viu a morte.
Meteu os pés no balcão.
Deu um impulso tão forte,
Que caiu sobre o bandido,
Ajudado pela sorte.
Já sufocado, morrendo,
Somente ouvindo um zumbido,
Conseguiu meter os dedos
Nos dois olhos do bandido,
Que lhe afrouxou o pescoço,
Soltando o maior gemido.
- 04 -
Com as duas mãos no rosto,
Como a brincar cabra-cega,
Quebra-Faca rodeava.
O moço disse: - Colega,
Vai pagar tudo que fez
Com o dono da bodega!
Ainda arfando, Evaristo
Pegou com disposição
Quebra-Faca pelo cós
E sentou-o no balcão
Pedindo depois dois litros
De conhaque alcatrão.
Disse para Quebra-Faca:
- Você mesmo se castiga!
Vai beber este conhaque,
Para ver se depois briga -
Quero ver você quebrar
Minha faca na barriga!
Nisso, Evaristo fincou
A peixeira no balcão.
Quebra-Faca disse: - Eu bebo
Vinte litros de alcatrão
Porque a minha barriga
Nunca quebra este facão!
Quando o bandido bebeu
OS dois litros de conhaque,
Evaristo deu-lhe um chute,
Como ponto de destaque.
O cabra correu, pendendo -
Cada passada era um baque!
Por sua infelicidade,
Ia passando uma vaca,
Pegou o pobre nas pontas
E jogou-o numa estaca
Ele morreu estrepado -
Nuca mais foi Quebra-Faca
Evaristo resolveu-se
A fazer uma viagem -
Dar uma volta ao mundo,
Sair da camaradagem,
Para procurar com quem
Testar a sua coragem.
-05 -
Já perto de uma fazenda,
Um homem vinha correndo.
Disse: - Meu amigo, volte!
Ouça o que lhe estou dizendo,
Porque, se continuar,
Pode terminar morrendo!
Lá na casa da fazenda,
A situação é séria:
Na festa do casamento
Da sertaneja Valéria,
Tem um grupo de bandidos
Fazendo a pior miséria!
O chefe dos assassinos,
Conhecido por Caveira,
Tem mais de cinquenta mortes -
Mata como brincadeira.
E depois arranca os olhos
Com a ponta da peixeira!
Entrou com mais onze cabras,
Começando o sururu:
Fez todos tirarem as roupas,
Para mexer o angu -
Quem não consegui correr,
Está lá dançando nú!
Evaristo disse:- Amigo,
Eu vou lá dançar também
Com o grupo de capamgas,
Para ver quem dança bem =
Quero saber se o Caveira
Dança baião e xerém!
Correu e, vendo a fazenda,
Desmontou-se na porteira,
Caminhou até a porta.
De onde viu a brincadeira -
A noiva dançava nua,
Abraçada por Caveira.
As roupas lá num recanto,
Todos estavam despidos.
Ao som de uma concertina,
Dançavam desprevenidos -
Somente pelos chapéus
Destacavam-se os bandidos.
- 06 -
Em cada chapéu havia
Desenhada uma caveira,
Porém o chapéu do chefe
Modificava a maneira -
A caveira era bem grande,
Mostrando ser a primeira.
Evaristo observou
Os bandidos desarmados -
Viu, no recanto das roupas,
Os cinturões agarrados,
Cartucheiras e revólveres,
Com os punhais desprezados.
Saiu, se desconversando,
Entrou por uma janela.
Ninguém na sala deu fé,
Pois ele fez com cautela -
Os bandidos nem pensavam
Numa surpresa daquelas
Já portando dois revólveres
Mostrando um em cada mão,
Deu um grito: - Meus senhores,
Prestem-me toda atenção!
Também quero fazer parte
Da festa deste salão!
Parou tudo de repente,
Todos olharam assombrados -
Os bandidos que eram doze,
Ficaram paralizados,
Com todos os dançarinos,
Como que petrificados.
Continuou Evaristo:
- Peço a todos por Jesus,
Se afastem destes bandidos -
Quero matar todos nus,
Para que não dêem tabalho
Aos bicos dos urubus!
E disse para os bandidos:
- Hoje ninguém os socorre!
Vão pagar todos os crimes
E daqui um só não corre -
Aquele que se mexer,
Esse é o primeiro que morre!
- 07 -
Chamou o dono da casa
E disse: - Vá amarrando
Todos esses cabras nus,
De dois em dois encangando,
Com as mãos atrás das costas -
Menos o chefe do bando!
Porém, o povo correndo,
Deixando os bandidos sós,
Caveira acordou do susto.
Foi ouvida sua voz,
Dizendo: - Vamos mata-lo,
Antes que ele mate a nós!
Os bandidos avançaram,
Quando foi ouvida a fala,
Porém, igual a mangaba,
Iam caindo na sala,
Agarrados com a morte,
Cada um com sua bala.
Usando os dois trinta-e-oito,
Evaristo disparou
Com rapidez nos capangas
Um só tiro não errou:
Onze balas onze mortos -
Só o Caveira ficou.
Isso porque Evaristo
Achou que fazia pouco
Matando todos a tiro -
Com uma idéia de louco,
Deixou o Caveira vivo,
Para matá-lo de soco.
Caveira era um tipo alto,
Corpulento e musculoso,
Corajoso e valentão,
Muitas vezes criminoso -
Frio, sagaz e perverso,
Desumano e perigoso.
Evaristo disse: - Agora
Se prepare valentão,
Que eu vou lhe dar uma surra,
À minha satisfação,
Que você vai se lembrar
Noutra reencarnação!
- 08 -
O bandido respondeu:
- Dessa vez você se engana!
Num corpo a corpo comigo,
Você vai virar banana,
Pois eu tenho resistência,
Pra lutar uma semana!
Evaristo ainda disse:
- Você vai ser seu engano!
Vou dar um murro em sua cara,
Para voar o tutano -
Você luta uma semana
Eu posso lutar um ano!
Caveira disse: - Eu quero
Vira-lo pele avesso!
Nesse momento, partiu -
A luta teve começo,
Porém um só murro dele
Não encontrava endereço.
Pois Evaristo dançava
Pela frente do bandido,
Fazendo o jogo de pernas,
Bem coberto e prevenido -
Sempre enganava o Caveira,
Não dava um soco perdido.
Quando Evaristo batia,
Caveira cambaleava.
Pelos socos recebidos
A cara se deformava -
Voavam tacos de couro,
Enquanto o sangue espirrava.
Numa cruzada de esquerda,
Evaristo lhe acertou
A sobrancelha direita,
Que o olho longe voou
O murro foi tão bem dado,
Que até o crânio rachou!
Caveira disse: - Estou vendo
Muita fumaça passando...
Já sinto a vida fugindo,
Parece que estou sonhando
Já sinto o inferno aberto
E Satanás me esperando!...
- o9 -
O bandido apresentava
A situação tão séria,
Que só lhe faltava a alma
Abandonar a matéria,
Porque tinha a cara toda
Em petição de miséria!
Toda amassada e ferida,
Os olhos esbugalhados;
A venta era uma paçoca,
Muitos dentes pendurados -
Balançando, sobre o queixo,
Os lábios estraçalhados.
Nesse momento, Evaristo,
Usando de toda a calma,
Deu-lhe um soco de direita,
Que o satanás bateu palmas
No canto de uma parede,
O corpo caiu sem alma!
No mesmo instante, a policia
Entrou com o delegado,
Porque o homem, que tinha
A Evaristo avisado,
Correu até a cidade,
Onde contou o passado.
Quando o delegado viu
O panorama da festa,
isse para os seus soldados,
Passando a mão pela testa:
- Nunca vi em minha vida
Uma bagaceira desta!!
O fazendeiro contou
Como tudo aconteceu -
O que os bandidos fizeram,
Como Evaristo venceu
Na batalha corpo-a-corpo,
Como Caveira morreu.
Quando o delegado ouviu
O relato conciente,
Olhou Evaristo e disse:
- Você é forte e valente!
Merece uma recompensa
Pelo que fez pela gente!
- 10 -
Evaristo respondeu:
- Não quero receber nada -
Eu devia até pagar
Uma quantia avultada,
Por essa oportunidade
Para dar uma brigada!
Pois, para mim, delegado
Não faço luta perdida:
Brigar é o melhor esporte,
Cada briga é uma partida -
Só mato, se for forçado
A defender minha vida!
Ouvindo aquela resposta,
O ilustre delegado
Mandou enterrar os mortos,
Deu tudo por terminado.
Evaristo viajou,
Em busca de um povoado.
Já perto, ia escurecendo.
Ele pedio hospedagem
Numa casa, onde gozou
De boa camaradagem
Jantou e passou a noite,
Descansando da viagem.
Viajou pela manhã.
Ao passar num povoado,
Era um Domingo de sol,
O povo estava animado -
Tinha uma roda de gente,
Na sombra de um pau copado.
Evaristo ia passando,
Quando ouviu a gritaria -
Com gritos e gargalhadas,
O povo se divertia.
O rapaz foi até lá,
Para saber o que havia.
Quando riscou o cavalo,
Dentro da roda foi vendo
Dois galos se estraçalhando -
O sangue estava descendo,
Penas voando nos ares
E o povotodo torcendo.
- 11 -
Evaristo achou os gritos
Degradantes, repelentes -
Como era que tantos homens,
Humanos e consciente,
Se alegravam com a desgraça
De dois galos inocentes?!...
Pensando assim, perguntou:
- Quais são os donos dos galos,
Entre estes covardes todos?
Pois eu vou recompensa-los -
Para aumentar mais a festa,
Quero pisar nos seus calos!
E, para maior assombro,
Assim dizendo, pulou,
No meio do pessoal,
Os dois galos separou.
Como que todos pasmados,
Um só homem não falou.
Evaristo, olhando a todos,
Disse: - De mim ninguém mangue!
Aonde perderam as linguas?
Voces não queriam sangue -
Por que ficaram calados?
Falem, antes que eu me zengue!
Desalmados, desumanos,
Repugnantes, serpentes!
Vendo dois galos brigando,
Acham que ficam valentes -
Enxaguando a covardia
No sangue dos inocentes!
Nesse momento, um do grupo
Destacou-se e disse: - Amigo,
Saiba que não sou covarde
Enfrento qualquer perigo!
Eu sou dono de um galo
E não rejeito inimigo!
Evaristo disse: - Bravo!
Em você eu tenho fé!
O dono do outro galo
Desejo saber quem é,
Para uma briga entre os dois -
uero ver quem toma pé.
- 12 -
O homem disse, apontando:
- O outro dono é aquele!
Evaristo disse: - Agora,
Você vai brigar com ele -
Quero ver sangue correr,
Tanto em você como nele!
A briga vai ser sem armas,
Para haver pouco perigo -
Será de unhas e dentes.
Quem vencer o inimigo,
Quando descansar três horas,
Terá que lutar comigo!
O outro homem gritou:
- Não faço uma coisa desta!
Evaristo disse: - Faz!
Quero ver se você presta -
Porque, ou aceita a briga,
Ou uma bala na testa!
Bateu mãos aos dois revólveres,
Disse: - Vamos começar!
Vocês gostam de ver briga,
Hão de gostar de brigar -
Eu só quero ver quem vence,
Para depois me enfrentar!
Os dois tiraram as camisas
E se pegaram no soco,
Pontapé e cabeçada,
Por cima de pedra e de toco -
Um dava queda no outro,
Mas o povo achava pouco.
Isso mais de duas horas -
Os dois estavam cansados,
Sangue escorrendo das ventas,
Beiços e dentes quebrados,
Muitas feridas nos corpos,
Olhos roxos e inchados.
Até que, numa topada,
Os dois no chão desabaram
Por quase cinco minuros,
Desacordados ficaram
Evaristo bateu palmas,
Disse; - Vocês empataram!
- 13 -
Um engraçado do grupo
Disse: - Agora, meu amigo,
Você se faz de valente,
Mas não enfrenta o perigo -
Para provar o que diz,
Quer trocar soco comigo?
O tipo era alto e forte,
Tinha cara de leão -
Um vaqueiro acostumado
A derrubar barbatão:
As munhecas pareciam
Com duas mãos de pilão
Evaristo, quando olhou
Para a cara do gaiato,
Que viu o tipo do bicho,
Parecendo o pai- do mato,
Pensou consigo: - Encontrei
A forma do meu sapato!
Porém disse sem demora;
- Não temo a nenhum perigo!
Aceito o seu desafio,
Para provar o que digo -
Pode tirar a camisa
E trocar soco comigo!
Ouvindo aquelas palavras,
O cabra deu um esturro,
Partiu pior que uma fera,
Dando coice como burro -
Quando Evaristo deu fé,
Estava levando murro.
Também não contou conversa:
Enfrentou o valentão.
Os assistentes gritavam:
- Queremos ver, fanfarrão,
Como é que você aguenta
Os murros do Domingão!
Nesse momento , Evaristo
omente se defendia -
Dançava, fazendo o jogo,
Os bofetões rebatia,
Enquanto o povo, animado,
Só por Domingão torcia.
- 14 -
A luta continuava:
Evaristo se esquivando,
Rebatendo as bofetadas,
O vaqueiro se cansando -
Sem acertar no rapaz,
Pouco a pouco fracassando.
Mesmo assim, muito cansado,
O vaqueiro não corria
O seu braço arrasador
No momento em que descia,
Se batesse em Evaristo,
Até a arma morria.
Porém Domingão suava,
Sentindo os nervos cansados -
Já se encontrava sem forças,
Com os braços esfolados,
As munhecas bem inchadas,
Com alguns dedo quebrados.
Evaristo, conhecendo,
Vendo ele cambalear,
Embora também cansado,
Começou a aproveitar,
Batendo com as duas mãos,
Pensando ve-lo tombar.
Porém estava enganado:
Quando os murros recebia,
Domingão, como plantado,
Balançava e não caia!
O povo, todo pasmado,
Não falava e nem torcia.
Evaristo, não sentindo,
Os murros de Domingão,
Também parou de bater.
O vaqueiro, sem ação,
Ficou, parecendo ter
Os pés plantados no chão.
Evaristo disse a todos:
- Já não vou mais castiga-los,
Porém, quando eu voltar,
Encontrar briga de galos,
Faço os donos engoli-los
Com penas, sem mastiga-los!
-15 -
Montou-se no seu cavalo,
Deu um adeus com a mão -
Em passada de galope,
Embrenhou-se no sertão,
Por uma estrada esquisita,
Sem saber a direção.
Dois dias sem encontrar
Vilas nem povoações,
Onde pudesse comprar
As principais previsões -
Somente encontrava água
Nas pedras, nos calderões.
No terceiro dia, à tarde,
Penetrou por um cercado,
Porém adiante perdeu-se
Numas veredas de gado.
Sem acertar o caminho,
Caiu num mato fechado.
Quando estava escurecendo,
Parou em uma clareira,
Desarreou o cavalo,
Junto a uma catingueira,
Botou-o para pastar,
Depois fez uma fogeira.
Assou carne, e com farinha
E rapadura comeu.
Perto tinha um calderão,
Foi buscar água e bebeu,
Também deu a seu cavalo
Nesse instante escureceu.
Subiu-se e armou a rede
Nos galhos da catingueira.
Deito-se e ficou fumando.
De cima olhando a fogueira,
Com o revólver na mão,
Alisando a cartucheira.
Pelo cansaço, dormiu,
Como quem está numa espera.
Muito depois, acordou-se
Sem saber que hora era,
Com relinchos do cavalo
E os rugidos de uma fera.
16 -
Olhou no escuro e viu
Uma sombra se bolindo -
Era uma onça pintada,
De vez em quando, rugindo,
Debaixo da catingueira,
O cheiro dele sentindo.
O rapaz, observando,
Viu os dois olhos da fera,
Parecendo duas brasas.
Foi quando entendeu quem era
Já procurando subir,
Em busca da sua espera.
A onça sentindo o cheiro,
Procurou subir mais cedo.
Evaristo fez a mira
Com o revólver, sem medo -
Apontou entre os dois olhos
Depois apertou o dedo.
No tiro a bruta caiu,
Soltando um triste rugido.
Mais tres ou quatro correram,
Na hora do estampido,
Com miados assombrosos,
No mais tremendo alarido.
Foi quando Evaristo viu
Que tinha estado cercado
Por muitas feras famintas.
Como que tinha sonhado -
Só por um milágre, não
Tinha sido devorado!
De manhã, quando desceu,
A onça estava estirada.
Não pensou nem um segundo -
Preparou sua montada
E saiu, beirando um corrego,
A procura de uma estrada.
Depois, saiu num caminho,
Disse: - Que Jesus me ajude!
Foi vendo o mato mais verde,
Como tendo mais saúde -
O córrego parecia
O sangrador de um açude.
- 17 -
As nove horas do dia,
Foi ouvindo uma zoada:
Duas pessoas falando,
Vezes com voz alterada -
Enquanto uma lastimava,
Outra dava gargalhada.
Ele saltou do cavalo,
Amarrou-o e foi descendo,
Sempre andando com cuidado,
Se abaixando e se escondendo,
Para saber bem de perto
O que estava acontecendo.
Usando a maior cautela,
Quando foi se aproximando,
Viu, num açude bonito,
Uma moça se banhando,
Dois cavalos amarrados
E um rapaz gargalhando.
Ela estava mergulhada,
Só a cabeça de fora.
De lá, gritou numa prece:
- Valei-me Nossa Senhora!
Defendei-me deste monstro,
Que tanta honra devora!
Evaristo, vendo quilo,
Não sabia qual o fim.
Daquela cena dramática,
Quando o rapaz disse assim:
Eu nasci para você -
Você nasceu para mim!
Saia logo dessa água,
Não lhe adianta mergulho:
Estamos nós dois sozinhos,
Hoje quebro seu orgulho!
Aqui, ninguém a socorre -
Para que fazer barulho ?
Hoje, aqui é o paraiso,
Começando a Criação...
Do seu corpo majestoso,
Quero ver a perfeição -
Você vai ser minha Eva
Eu serei o seu Adão!
- 18 -
Você sabe quem sou eu,
Preciso que me obedeça!
Ninguém pode defende-la,
Nem que Jesus do céu desça -
Ou sai dai, ou lhe meto
Uma bala na cabeça!
Nisso, a moça respondeu:
- Nem na terra, nem na lua,
Enquanto eu estiver viva,
Você nã me verá nua!
Prefiro morrer cem vezes,
Do que uma vez ser sua!
O rapaz, enfurecido,
O seu revólver puxou.
Quando apontou para a moça,
Outra arma disparou -
Sentiu um chque no braço
E seu revólver voou.
Virou-se e viu Evaristo,
Com o revólver na mão,
Dizendo: - Eu sou o Senhor -
Vim para salvar Adão.
De comer das mãos de Eva
A maçã da perdição!
Eu ouvi você dize
Que aqui era o paraíso,
Você Adão e ela Eva
Então Deus era preciso,
Para plantar a vergonha
Nas terras do seu juízo!
Dê as costas para o açude,
Passe para minha frente -
Também vou ficar de costas,
Para que essa inocente
Possa sair e vestir-se,
Sem ser vista pela gente.
O bandido obedeceu,
Pensando depois correr.
O rapaz logo entendeu
O que ele pensou fazer
E lhe disse: - Fique quieto!
É melhor do que morrer!
- 19 -
Depois, disse para a moça:
Por ordem do criador,
Pode sair e vestir-se,
Sem medo do tentador,
Pois Adão não quer mais ve-la,
Obedecendo ao senhor!
Salvelina, vendo os dois,
Evaristo e Valderez,
Lá de costas para ela.
Perdeu toda timidez -
Saiu da água correndo,
Vestiu-se com rapidez.
Também portando um revólver,
Completamente vestida,
Chegou perto e disse: -Moço,
Você salvou minha vida
Das garras deste assassino -
Estou muito agradecida!
Você é desconhecido,
Não conhece este infeliz -
Com mais de cinquenta moças
Ele já fez o que quis,
Não teme as autoridades,
Delegado, nem Juiz,
Porque o pai dele é rico,
Protetor de cangaceiros
Ostenta nas suas hostes
Uns quarenta pistoleiros,
Dobrando as autoridades,
Assombrando os fazendeiros.
Nesta zona, só se fala
No coronel João Romeu:
Quem teve questão com ele
De qualquer forma perdeu -
Se não quis morrer, fugiu;
Se não quis fugir, morreu!
Você fez isso, porém,
Meu coração não descansa:
Este bandido e seu pai
Vão tomar uma vingança -
Em mim e minha familia,
Farão a maior matança!
- 20 -
Eu devia era mata-lo,
Porém pode ser pior -
Quando o pai dele souber,
Faz a desgraça maior!
Evaristo disse: - Qual!
Quanto mais briga melhor!
Deixe essa questão comigo,
Tomo tudo para mim:
Ando comprando barulho,
Não gosto de cabra ruím -
Quando entro numa encrenca,
Vou até chegar o fim!
Salvelina disse: - Moço,
Valderez é um imundo!
Ele, o pai e os cangaceiros
Acabam com todo mundo!
Evaristo respondeu:
- Eu não temo a vagabundo!
Logo para começar,
Eu vou lhe rasgar o mapa:
Vou dar-lhe uns sessenta murros,
Fazer-lhe a cara uma chapa -
Como ele gosta de moça,
Também vai gostar de tapa!
Assim dizendo, gritou:
- Pode virar-se, rapaz!
Não lhe adianta correr -
Faça como um homem faz,
Que vai levar uma pisa,
De assombrar o satanás!
Valderez, logo, virou-se
E da cintura sacou
Uma peixeira afiada,
Para Evaristo voou.
Salvelinda, vendo a faca,
Com medo, os olhos fechou.
No vôo que Valderez deu,
Evaristo viu o aço,
Deu um pulo para um lado.
Quando ainda no espaço,
Vendo o bandido passar,
Meteu-lhe a mão no cachaço.
- 21 -
Sem botar os pés no chão,
Valderez continuou
Procurando em que pegar,
Porém, como nada achou,
De cabeça´para baixo,
No açude tibungou.
Salvelina abriu os olhos,
Olhou o moço e gemeu.
Não vendo o bandido, disse:
- O que foi que aconteceu?
Aonde está Valderez -
Virou fumaça ou correu?
Evaristo disse: - Veja!
Aconteceu algo estranho:
Eu dei-lhe somente um tapa,
Que ninguém mede o tamanho,
Ele caiu no açude -
Lá está tomando banho!
Salvelina, olhando, viu
Ele subindo e descendo,
Gritando e bebendo água,
Com as duas mãos batendo,
Como quem pede socorro
Na hora que está morrendo.
Uma vara bem comprida
Logo Evaristo encontrou.
Jogou uma ponta na água,
O bandido se agarrou -
O moço arrastou-o, Porém,
Saindo ele desmaiou.
Evaristo pôs o bicho
De cabeça para baixo -
Começou a correr água,
Que parecia um riacho,
Pela venta e pela boca.
Ele disse: - Aguenta macho!
Quase duas latas de água
O bandido vomitou -
Esteve entre a vida e a morte,
Pouco a pouco melhorou.
Depois que voltou a si,
Evaristo perguntou:
- 22 -
- Que tal o banho, gostou?
Já esfriou o juízo?
Como Eva se banhou,
Achei que fosse preciso
Adão também se banhar
Nas águas do paraíso...
Valderez disse: - Eu não quero
Saber de Adão, nem de Eva,
De Deus, nem de Paraíso,
De céu, de luz, nem de treva -
Porque, somente de um tapa,
Quase o satanás me leva!...
Evaristo disse: - Agora,
Eu preciso remove-lo:
Vou levalo com a moça,
Só para o pai dela ve-lo -
Mesmo, talvez, lá precise
Ele sentar seu cabelo...
Valderez disse: - Nem pense
Nessa besteira maldito!
Pois, quando meu pai souber,
Faz um trabalho bonito:
Vai lá, acaba com tudo,
Não deixa vivo um mosquito!
Evaristo respondeu:
- Não tem jeito - Você vai,
Para pagar o que fez!
Depois, vou topar seu pai -
Dar-lhe um soco entre os dois olhos,
Ver onde a cabeça cai!
Nisso, chamou Salvelina
E uma ordem lhe deu,
Para trazer seu cavalo.
A menina obedeceu.
Os tres cavalos selados,
Cada um montou o seu.
Evaristo advertiu:
- Rapaz eu vou avisa-lo:
Não tentecorrer, porque
Estou sempre a vigia-lo -
Se lembre bem que uma bala
Corre mais que seu cavalo!
- 23 -
Eva seguia na frente,
Acompanhada de Adão,
Em seguida ia o Senhor,
Com um revólver na mão -
Assim, chegaram à fazenda,
Sem nenhuma tentação...
Evaristo contou tudo,
Sem nada de gabolice,
O senhor Joaquim Sotero,
Pai de Salvelina, disse:
- Eu nunca pensei na vida
De ver tanta canalhice!
Eu já não sei o que faço!
(Disse o velho a Evaristo).
Agora, estou desgraçado,
Você pode dar por visto -
O pai dele é um satanãs,
E o filho é um Anticristo!
O rapaz disse sorrindo:
- Com a força do Eterno,
Os punhos e dois revólveres,
Tenho um poder mais moderno -
Satanás e Anticristo,
Eu boto tudo no inferno!
Não tenha medo meu velho:
Deixe o barulho comigo!
Há muitos dias que eu ando
Procurando um inimigo -
Só deixo esta região,
Quando não houver perigo!
Vou mandar o filho agora
Ir ao pai dar meu recado,
Para ver se ele se assanha
E vem com seu grupo armado -
So gosto de tocar fogo
Em manganbá assanhado!
O velho disse: - Rapaz,
Acho que fez uma asneira,
Porque o pai deste monstro,
Quando emborca no Teixeira
Com vinte ou trinta capangas -
Nesse dia não tem feira!
-24 -
Corre o povo da cidade,
Todo comércio é fechado.
Para enfrentar os bandidos,
Não parece um soldado,
Porque um destacamento
Já foi todo assassinado!
Evaristo disse: - Pois
È lá que quero encontra-lo!
Ele é valente, eu sou forte -
Ele vai ver como um galo,
Transformado num jumento,
Quebra a cara de um cavalo!
Nisso disse a Valderez:
- Vá logo a seu pai e diga
Que venha para o Teixeira,
Olhar como um macho briga
De trinta e seis qualidades,
Sem sentir dor de barriga!
Diga que pode trazer
Toda sua capangagem -
Lá, todos receberão
O bilhete da passagem
Da terra para o inferno,
Na derradeira viagem!
E diga, também, que a ida
Deste para o outro mundo,
Ele faz sem sentir nada:
Não fica nem moribundo -
Vai montado numa bala,
Chega em menos de um segundo!
Nisso saiu Valderez
Numa tremenda carreira.
Evaristo perguntou:
A distância até Teixeira.
O velho disse: - Seis léguas -
E amnhã lá tem feira!
Evaristo disse: - Então,
A coisa só presta quente!
Vou sair agora mesmo,
Para chegar lá na frente,
Avisar ao delegado
E previnir toda gente.
- 25 -
Salvelina disse: - Moço,
Eu não pretendo ofende-lo!
Só lhe peço que não vá
Cair nesse desmantelo -
Porque, indo, no seu corpo,
Não fica inteiro um cabelo!
Em troca do meu pedido,
Lhe ofereço o meu amor!
Evaristo disse: - Aceito,
Porém lhe peço o favor
De me deixar acabar
O fantasma do terror!
Pode ficar esperando,
Que vou e volto em seguida -
Quero fazer uma briga,
Que fique por despedida,
Para que seja lembrada
Durante o resto da vida!
Salvelina disse: - Então
Receba de mim um beijo!
Evaristo aproximou
A vontade do desejo
E beijou aquela boca
Que tinha gosto de queijo.
Depois do beijo, partiu.
Quando chegou em Teixeira,
Falou com o delegado -
Traçou a melhor maneira
Para pegar o bandido
Com a sua cabroeira.
Enquanto isso, na fazenda,
Valderez tinha contado
Ao coronel João Romeu
O que havia se passado -
Para irritar mais o velho,
Deu de Evaristo o recado.
O coronel João Romeu
De tres berros com um bode,
Dizendo: - Cabra safado!
Por que faz o que não pode?!...
Com um puxão, quase arranca
Uma banda do bigode.
- 26 -
- Covarde, você merece
ofrer tudo que sofreu!
Só vou vinga-lo porque
Quero mostrar quem sou eu -
Niguém pisa na barriga
Do coronel João Romeu!
Convide vinte rapazes
Que queiram jogar na sorte -
Só quero homem valente,
Corajoso e muito forte,
Que entre na porta da vida,
Saia na boca da morte!
Partiu com os vinte cabras,
Seguido por Valderez,
Dizendo: - Hoje, em Teixeira,
Eu vou mostrar a vocês
Como é que faço carniça
Que urubu come num mês!
Enquanto Evaristo estava
Esperando na estrada,
Foi avistando os bandidos
Numa curva da estrada.
Um rapaz disse, apontando:
- Lá vem a rapaziada!...
Já na estrada da rua,
Os cabras foram parados.
Depois, pelo coronel,
Em dois grupos separados -
Pelo pai e pelo filho
Os dois eram comandados.
Evaristo, de uma esquina,
Tudo, tudo observava -
Viu quando o grupo do velho
Na outra esquina dobrava,
Enquanto o de Vaderez
Por perto dele passava.
Deu um pulo na calçada,
Um revólver em cada mão -
Caiu no meio da rua,
Dando um estouro no chão,
Que deixou os onze cabras
Como vendo assombração!
- 27 -
Disse gritando bem alto:
- Amigos, está na hora
De, quem tiver, botar logo
A coragem para fora!
Quem quizer morrer primeiro,
È só se mexer agora!
Valderez, quando avistou
Evaristo em sua frente,
Ficou louco, se tremendo,
Como quem está doente,
Mordendo a lingua e os beiços,
Batendo dente com dente.
Porém, saindo do êxtase,
Deu um grito em alta voz:
- Rapazes! Atirem nele,
Antes que ele atire em nós!
È o comprador de barulho,
Que no combate é feroz!
Nesse instante, dois bandidos,
Inocentes se mexeram.
Antes de puxar as armas,
Duas balas receberam -
Cairam como dois pássaros,
Estrebuchando, morreram.
Vendo Valderez tremer,
Todos tremiam também.
Olhando os colegas mortos,
Quizeram correr, porém,
Evaristo deu um grito:
- Daqui não corre ninguém!
Nesse instante, como que
O Diabo os encorajou:
Os oito puxaram as armas,
Porém nenhum atirou,
Porque oito tiros certos
Evaristo disparou.
De puxar o seu revólver,
Valderez não faz nem gesto.
Vendo os seus capangas mortos,
Disse em forma de protesto:
- Se prepare, que meu pai
Vem ali trazendo o resto!
- 28 -
De fato, quando Evaristo
Foi a vista Levantando,
Avistou os dez bandidos
E o coronel comandando.
Ele disse: - Agora, sim
A festa está melhorando!
Evaristo com um pulo,
Pegou Valderez e deu
Um pescoção a seu jeito -
O bandido amoleceu.
Já lhe servindo de escudo,
Várias balas recebeu.
Estribuchando, morrendo,
Foi caindo para um lado.
Evaristo foi com ele
E caiu entrincheirado
No cadáver do bandido,
Com um revólver empunhado.
Três vinham correndo, em fila,
Para salvar Valderez.
Evaristo deu um tiro,
Que a bala com rapidez,
Ainda atravessou dois -
Porém derribou os tres.
O que vinha mais atrás
Pendeu, desequilibrou-se,
Caiu por cima dos outros.
Como um raio levantou-se,
Mas recebeu uma bala -
Caiu de novo, aquietou-se.
Estando com os revólveres
Agora descarregados,
Viu que os oito bandidos
Estavam sendo atacados
Por um sargento e um cabo,
Um paisano e seis soldados.
Ai, criou alma nova,
Ficou quieto na trincheira.
Um cabra vinha correndo,
Ele deu-lhe uma rasteira -
Quando o bandido caiu,
Foi engolindo peixeira.
- 29 -
Porém, naquele momento,
O sargento João Calisto
Já tinha prendido todos
Os cabras que tinha visto -
Somente o velho correu
Para o lado de Evaristo.
O velho pensou que tinha
Feito o sargento de bobo.
Saiu correndo de banda,
Igual a quem faz um roubo -
Foi cair de corpo aberto
Dentro da boca do lobo!
Para o coronel parar,
Evaristo deu-lhe um murro -
O velho, como quem tinha
Levado um coice de burro,
Com o pescoço partido,
Caiu sem dar um sussurro.
Seis bandidos na cadeia
E dezesseis sepultados:
Evaristo e Salvelina
Devidamente casados -
Com isso, todos ficaram
Felizes e sossegados!
-A sorte pintou o drama,
-Lentamente com um giz:
-Mesmo sendo barulhento,
-Evaristo foi feliz.
-Isso fez sem ter orgulho:
-Deixou de comprar barulho -
Assim seu destino quis!
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
BATALHA DE FLORIANO E A NEGRA FEITICEIRA
Eu vou contar uma história,
Despertando os curiosos
Onde se vê um romance,
De assuntos vantajosos.
De um moço e cinco amigos,
De modos misteriosos.
Floriano era um rapaz
Com vinte anos de idade,
Perdeu toda sua família
Ficando na orfandade.
Detinou-se pelo mundo,
Atrás da felicidade.
Assim viajou um dia
A tarde pôde avistar,
Um rapaz em um roçado,
Que estava a trabalhar.
Metia o peito no touco,
Revirava para o ar.
Então o rapaz lhe disse,
Não pense que sou um louco,
Eu estou me distraindo,
Por meu trabalho ser pouco.
E por esta distração,
Já me chamam Arranca Touco
Floriano disse moço,
Você quer seguir comigo?
Viajar por este mundo,
Até achar um abrigo?
O rapaz disse eu aceito,
Porque não temo perigo.
Adiante encontraram outro
Com o ouvido no chão,
Ele disse, ouvindo missa,
Na capital do Japão,
E por estas Profecias,
Já me chamam adivinhão.
Floriano perguntou:
Você quer me acompanhar?
O rapaz disse aceito,
E se o senhor precisar.
Eu posso lhe servir muito,
Na arte de adivinhar.
Ele aceitou o convite
E saíram conversando,
Adiante na estrada,
Um moço foram avistando.
Com uma pêia de ferro,
As duas pernas peiando.
O rapaz interrogado
Respondeu o que sabia,
É porque assim parado,
Ando cem léguas por dia,
E se eu tirar a pêia,
Corro mais que a ventania.
Eu correndo com vontade,
Imito o pensamento,
Daqui ao fim do mundo,
Vou e volto num momento.
Me chamam Bom Corredor,
Porque ganhei para o vento.
Floriano disse moço,
Vamos percorrer a terra?
Adiante encontraram outro,
Com uma arma de guerra,
E fazendo pontaria ,
Para o cume de uma serra.
Floriano perguntou
O que ele estava fazendo,
Ele disse vou matar,
Um lobo que vai correndo.
Daqui a quarenta léguas,
Naquela mata estou vendo.
Com uma arma na mão
Não há bicho corredor
Atiro até com cem léguas,
Para mostrar meu valor.
Aqui já sou conhecido,
Como o Bom Atirador.
Nesse momento atirou
E deu um tiro certeiro,
O Bom Corredor foi ver,
Em um segundo ligeiro.
Trouxe um lobo que fizeram,
Um almoço verdadeiro.
Floriano disse moço
Seu trabalho é profundo,
Porque provou o que disse,
Ao correr de um segundo.
Se quiser seguir comigo
Vamos virar este mundo.
Ele aceitou o convite
E saíram na expedição.
Adiante na estrada,
Avistaram um cidadão.
Estava engolindo pedras,
Fazendo uma refeição.
Ele disse eu faço isto,
Só para matar a fome,
Quatro bois de uma vez,
A minha pessoa come.
Me chamo Engole Pedras,
Todos conhecem meu nome.
Floriano então lhe disse
Se acaso o Senhor quiser
Seguir viagem conosco.
Eu farei o que puder,
Seguiremos seis amigos,
Para o que der e vier.
Chegaram em uma cidade
Souberam da novidade
Que havia uma princesa,
As ordens da mocidade,
A quem fizesse os caprichos,
Da Augusta Majestade.
O Rei espalhou boletim,
Por Países e reinados,
Que desposava a princesa.
A quem fizesse três mandados
Porém os que não fizessem,
Eram todos degolados.
O primeiro dos mandados
Parecia uma loucura,
Era para cortar um pau,
Com dez metros de grossura,
Para cortar em oito horas,
Era a maior amargura.
Pois o Rei tinha uma negra ,
Que era a mãe do feitiço,
Se aparecia um rapaz,
Para fazer o serviço.
A negra se preparava,
Para fazer o enguiço.
Pois o rapaz começava,
Com toda facilidade,
Quando era meio dia,
Já ia mais da metade,
Era chamado ao almoço,
Por ordem da majestade.
Assim que o rapaz saia
A negra estava em ação,
Chegava no pé do pau,
Rezava uma oração.
Depois cuspia no corte,
E o pau ficava são.
E quando o rapaz voltava,
Que encontrava o defeito,
Trabalhava até a hora,
E o pau ficava perfeito.
E assim morriam todos,
Ali ninguém dava jeito.
E os outros dois mandados,
Eu direi por derradeiro,
Pois até aqui não houve
Quem fizesse o primeiro,
Quanto mais para saber,
O segundo e o terceiro.
E assim já tinha sido
Degolado mais de cem,
Floriano disse agora,
Eu vou ver se a sorte vem,
Ou me caso com a princesa,
Ou então morro também.
Assim entrou na cidade
Com mais de mil ilusões
Foi falar com o monarca
Para saber as condições.
Depois que soube de tudo,
Apresentou as questões.
Porque ele disse ao Rei
Eu farei os seus mandados,
Porém,eu mando fazer,
Pelos meus nobres criados,
Para isso eu trouxe cinco,
Honestos e educados.
O Rei aceitou e assim
O negócio foi fechado,
Logo no dia seguinte,
Lhe entregou o machado.
Para derrubar o pau,
Era o primeiro mandado.
Floriano então chamou,
Seu amigo Arranca toco,
Lhe entregou o machado,
Ele saiu como louco,
Disse quando viu o pau,
O serviço é muito pouco.
Ele meteu o machado,
Viram a árvore estremecendo.
Com dez minutos apenas,
O pau estava pendendo,
O Rei que estava olhando,
Ficou de medo tremendo.
Vendo a árvore balançando,
Compreendeu que perdia,
Mandou chamar o rapaz,
Para a Negra Ventania,
Ir deixar a obra feita,
Com sua feitiçaria.
Assim que o rapaz saiu
A negra com todo jeito,
Fez sua feitiçaria,
E deixou o pau perfeito.
Quando arranca touco viu,
Não ficou bem satisfeito.
Olhou para o pau e disse:
Arranca touco de Lima,
Vai deixar a obra feita,
Que todo mundo estima,
Meteu o peito no pau,
Virou de raiz pra cima.
O Rei quando viu a cena
Quase caiu para traz,
Floriano perguntou,
O que é que falta mais?
O Rei disse seu criado,
É pior que o Satanás.
Porém amanhã bem cedo
Mudo de situação
E o segundo mandado,
Responda se vai ou não.
Ver uma garrafa d'água,
Na fonte da solidão.
Daqui são trezentas léguas,
Para na fonte chegar,
Com espaço de uma hora,
È para ir e voltar,
Se o senhor não cumprir,
Eu lhe mando degolar.
Aqui eu tenho uma negra,
Que possui o pé ligeiro,
E vai com o seu criado,
Ganha quem chegar primeiro,
Você morre se seu criado,
Vir chegar por derradeiro.
Floriano então voltou
Bom Corredor foi chamar,
Ele disse vou pêiado
Para não desembestar.
Porque se eu fosse solto,
Pela frente ia passar.
No outro dia bem cedo
A negra ia passando,
Já era hora marcada,
A Negra foi viajando,
Porém o Bom corredor,
Ainda ficou se pêiando,
Depois de quinze minutos
Bom corredor viajou,
Já bem pertinho da fonte,
Pela negra ele passou,
Mas, a Negra pelas costa,
A ele impinotizou.
O moço impinotizado,
A negra chegou-se a ele,
Com um anel magnético,
Colocou no dedo dele,
O rapaz caiu dormindo,
Nunca viu sono daquele.
Aquela negra malvada
Fez o serviço ligeiro,
Quebrou a garrafa dele,
E deixou no tabuleiro,
Encheu a garrafa dela ,
Correu pra chegar primeiro.
Mas, o Bom adivinhão
Que estava observando,
Viu tudo que a negra fez,
E ao rapaz foi contando,
E o Bom atirador,
Foi logo se aproximando.
Perguntou qual é o rumo,
Adivinhão apontou,
Ele fez a pontaria,
E o rapaz avistou,
Soltou a flecha ligeiro,
E no anel acertou.
Assim que a flecha bateu
Foi a jóia despedaçada,
Bom Corredor acordou,
Viu a garrafa quebrada.
E viu o rastro da Negra,
Compreendeu a cilada.
Ai desatou a peia
Voltou no mesmo momento,
Foi buscar outra garrafa.
Mais ligeiro que o vento.
Encheu na fonte e voltou,
Veloz como o pensamento.
E assim passou pela negra
Com toda velocidade,
Duas vezes e ela não viu,
Já no portão da cidade,
Chegou na frente e entregou,
A garrafa a majestade.
A negra quando chegou
Que viu o rapaz sentado,
Disse ao Rei esse moço,
Só sendo endiabrado,
Porque deixei-o na fonte,
Dormindo ipinotizado.
Floriano disse ao Rei,
Diga o outro mandado,
Que eu quero fazer logo,
Para ficar descansado,
E casar com a princesa,
Para ter parte no reinado.
O Rei disse a Floriano
Amanhã vai terminar,
A nossa grande questão.
Dois bois mandarei matar.
O senhor vai comer um,
De uma vez que se sentar.
Ou pode mesmo mandar
Um criado seu comer,
Minha Negra come outro,
Para todo mundo vê.
Se o senhor não cumprir,
Sem remissão vai morrer.
Quando engole Pedras soube,
Disse soltando uma graça,
Amanhã eu como tudo,
Tudo que houver pela praça.
Se tiver comida eu tiro,
A barriga da desgraça.
No outro dia bem cedo
Perante a população,
Estavam as mesas postas,
E cheia de refeição.
Cada uma tinha um boi,
Pra terminar a questão.
Ali na grande audiência
Estava a Rosa formosa,
Era a princesa Maria,
A estrela luminosa.
Parecia um clarão,
De uma manhã radiosa.
Floriano foi entrando
Engole Pedras também,
Era tipo de gigante,
Não olhava pra ninguém.
Vinha de barriga oca,
Que cabia até um trem.
A Negra muito sisuda
Sentou-se na mesa dela,
E logo pra fazer fita,
Engoliu uma costela.
Ouve uma salva de palmas,
Muitos vivas deram a ela.
Engole Pedras também
Sentou-se muito sisudo,
E um prato de travessa,
Pegou engoliu com tudo.
E começou engolindo,
Cada objecto miúdo.
Assim em poucos minutos
O seu quinhão acabou,
Porém em cima da mesa,
Nenhum prato ficou.
E ele morto de fome,
Da mesa se levantou.
Chegou na mesa da Negra
E o povo dando figa,
Foi comendo o que havia,
como quem faz uma briga.
Por fim engoliu a negra,
E não encheu a barriga.
A Negra sendo engolida
Ouve um protesto geral,
O Rei indignado,
Mandou um guarda real,
Levar Floriano preso,
Para um quartel general.
Floriano sendo preso
Engole Pedras de um pulo,
Pegou o Rei pela goela,
E disse eu te estrangulo.
Ou Floriano se solta ,
Ou eu também te engulo.
Nisto parte um general
Com uma coragem louca,
Arranca touco pegou,
Até com uma força pouca.
Deu-lhe um baque, que botou,
O coração pela boca.
Veio então atirador
Foi logo dizendo assim,
Ou Floriano se solta,
Ou a coisa fica ruim.
Porque eu não deixo vivo,
Nem formiga no capim.
Nesse ponto Engole pedras
Disse ao Rei, assassino,
Ou assina o casamento,
Ou vai pro meu intestino.
Quando foi abrindo a boca,
O Rei gritou eu assino.
O Rei pegou uma pena
Assinou que Floriano
Tinha feito três mandados,
Sem haver um só engano.
Pra casar com a princesa,
Filha do Rei soberano.
Foi assim que Floriano
Teve a grande vitória,
Casou-se com a princesa,
E os amigos da história.
Todos ficaram empregados,
Para coroar sua glória.
-A Negra foi engolida
-Levou carta a Satanás,
-Morreu por ser feiticeira,
-Enquanto que o rapaz,
-Insistiu com seus amigos,
-Defendeu-se dos perigos,
-Assim é que Homem faz.
Essa Estória mamãe contava para nós, os filhos que ela tanto amou.
Essa Estória foi tirada de um livro Literatura de Cordel
Autor desconhecido.
Despertando os curiosos
Onde se vê um romance,
De assuntos vantajosos.
De um moço e cinco amigos,
De modos misteriosos.
Floriano era um rapaz
Com vinte anos de idade,
Perdeu toda sua família
Ficando na orfandade.
Detinou-se pelo mundo,
Atrás da felicidade.
Assim viajou um dia
A tarde pôde avistar,
Um rapaz em um roçado,
Que estava a trabalhar.
Metia o peito no touco,
Revirava para o ar.
Então o rapaz lhe disse,
Não pense que sou um louco,
Eu estou me distraindo,
Por meu trabalho ser pouco.
E por esta distração,
Já me chamam Arranca Touco
Floriano disse moço,
Você quer seguir comigo?
Viajar por este mundo,
Até achar um abrigo?
O rapaz disse eu aceito,
Porque não temo perigo.
Adiante encontraram outro
Com o ouvido no chão,
Ele disse, ouvindo missa,
Na capital do Japão,
E por estas Profecias,
Já me chamam adivinhão.
Floriano perguntou:
Você quer me acompanhar?
O rapaz disse aceito,
E se o senhor precisar.
Eu posso lhe servir muito,
Na arte de adivinhar.
Ele aceitou o convite
E saíram conversando,
Adiante na estrada,
Um moço foram avistando.
Com uma pêia de ferro,
As duas pernas peiando.
O rapaz interrogado
Respondeu o que sabia,
É porque assim parado,
Ando cem léguas por dia,
E se eu tirar a pêia,
Corro mais que a ventania.
Eu correndo com vontade,
Imito o pensamento,
Daqui ao fim do mundo,
Vou e volto num momento.
Me chamam Bom Corredor,
Porque ganhei para o vento.
Floriano disse moço,
Vamos percorrer a terra?
Adiante encontraram outro,
Com uma arma de guerra,
E fazendo pontaria ,
Para o cume de uma serra.
Floriano perguntou
O que ele estava fazendo,
Ele disse vou matar,
Um lobo que vai correndo.
Daqui a quarenta léguas,
Naquela mata estou vendo.
Com uma arma na mão
Não há bicho corredor
Atiro até com cem léguas,
Para mostrar meu valor.
Aqui já sou conhecido,
Como o Bom Atirador.
Nesse momento atirou
E deu um tiro certeiro,
O Bom Corredor foi ver,
Em um segundo ligeiro.
Trouxe um lobo que fizeram,
Um almoço verdadeiro.
Floriano disse moço
Seu trabalho é profundo,
Porque provou o que disse,
Ao correr de um segundo.
Se quiser seguir comigo
Vamos virar este mundo.
Ele aceitou o convite
E saíram na expedição.
Adiante na estrada,
Avistaram um cidadão.
Estava engolindo pedras,
Fazendo uma refeição.
Ele disse eu faço isto,
Só para matar a fome,
Quatro bois de uma vez,
A minha pessoa come.
Me chamo Engole Pedras,
Todos conhecem meu nome.
Floriano então lhe disse
Se acaso o Senhor quiser
Seguir viagem conosco.
Eu farei o que puder,
Seguiremos seis amigos,
Para o que der e vier.
Chegaram em uma cidade
Souberam da novidade
Que havia uma princesa,
As ordens da mocidade,
A quem fizesse os caprichos,
Da Augusta Majestade.
O Rei espalhou boletim,
Por Países e reinados,
Que desposava a princesa.
A quem fizesse três mandados
Porém os que não fizessem,
Eram todos degolados.
O primeiro dos mandados
Parecia uma loucura,
Era para cortar um pau,
Com dez metros de grossura,
Para cortar em oito horas,
Era a maior amargura.
Pois o Rei tinha uma negra ,
Que era a mãe do feitiço,
Se aparecia um rapaz,
Para fazer o serviço.
A negra se preparava,
Para fazer o enguiço.
Pois o rapaz começava,
Com toda facilidade,
Quando era meio dia,
Já ia mais da metade,
Era chamado ao almoço,
Por ordem da majestade.
Assim que o rapaz saia
A negra estava em ação,
Chegava no pé do pau,
Rezava uma oração.
Depois cuspia no corte,
E o pau ficava são.
E quando o rapaz voltava,
Que encontrava o defeito,
Trabalhava até a hora,
E o pau ficava perfeito.
E assim morriam todos,
Ali ninguém dava jeito.
E os outros dois mandados,
Eu direi por derradeiro,
Pois até aqui não houve
Quem fizesse o primeiro,
Quanto mais para saber,
O segundo e o terceiro.
E assim já tinha sido
Degolado mais de cem,
Floriano disse agora,
Eu vou ver se a sorte vem,
Ou me caso com a princesa,
Ou então morro também.
Assim entrou na cidade
Com mais de mil ilusões
Foi falar com o monarca
Para saber as condições.
Depois que soube de tudo,
Apresentou as questões.
Porque ele disse ao Rei
Eu farei os seus mandados,
Porém,eu mando fazer,
Pelos meus nobres criados,
Para isso eu trouxe cinco,
Honestos e educados.
O Rei aceitou e assim
O negócio foi fechado,
Logo no dia seguinte,
Lhe entregou o machado.
Para derrubar o pau,
Era o primeiro mandado.
Floriano então chamou,
Seu amigo Arranca toco,
Lhe entregou o machado,
Ele saiu como louco,
Disse quando viu o pau,
O serviço é muito pouco.
Ele meteu o machado,
Viram a árvore estremecendo.
Com dez minutos apenas,
O pau estava pendendo,
O Rei que estava olhando,
Ficou de medo tremendo.
Vendo a árvore balançando,
Compreendeu que perdia,
Mandou chamar o rapaz,
Para a Negra Ventania,
Ir deixar a obra feita,
Com sua feitiçaria.
Assim que o rapaz saiu
A negra com todo jeito,
Fez sua feitiçaria,
E deixou o pau perfeito.
Quando arranca touco viu,
Não ficou bem satisfeito.
Olhou para o pau e disse:
Arranca touco de Lima,
Vai deixar a obra feita,
Que todo mundo estima,
Meteu o peito no pau,
Virou de raiz pra cima.
O Rei quando viu a cena
Quase caiu para traz,
Floriano perguntou,
O que é que falta mais?
O Rei disse seu criado,
É pior que o Satanás.
Porém amanhã bem cedo
Mudo de situação
E o segundo mandado,
Responda se vai ou não.
Ver uma garrafa d'água,
Na fonte da solidão.
Daqui são trezentas léguas,
Para na fonte chegar,
Com espaço de uma hora,
È para ir e voltar,
Se o senhor não cumprir,
Eu lhe mando degolar.
Aqui eu tenho uma negra,
Que possui o pé ligeiro,
E vai com o seu criado,
Ganha quem chegar primeiro,
Você morre se seu criado,
Vir chegar por derradeiro.
Floriano então voltou
Bom Corredor foi chamar,
Ele disse vou pêiado
Para não desembestar.
Porque se eu fosse solto,
Pela frente ia passar.
No outro dia bem cedo
A negra ia passando,
Já era hora marcada,
A Negra foi viajando,
Porém o Bom corredor,
Ainda ficou se pêiando,
Depois de quinze minutos
Bom corredor viajou,
Já bem pertinho da fonte,
Pela negra ele passou,
Mas, a Negra pelas costa,
A ele impinotizou.
O moço impinotizado,
A negra chegou-se a ele,
Com um anel magnético,
Colocou no dedo dele,
O rapaz caiu dormindo,
Nunca viu sono daquele.
Aquela negra malvada
Fez o serviço ligeiro,
Quebrou a garrafa dele,
E deixou no tabuleiro,
Encheu a garrafa dela ,
Correu pra chegar primeiro.
Mas, o Bom adivinhão
Que estava observando,
Viu tudo que a negra fez,
E ao rapaz foi contando,
E o Bom atirador,
Foi logo se aproximando.
Perguntou qual é o rumo,
Adivinhão apontou,
Ele fez a pontaria,
E o rapaz avistou,
Soltou a flecha ligeiro,
E no anel acertou.
Assim que a flecha bateu
Foi a jóia despedaçada,
Bom Corredor acordou,
Viu a garrafa quebrada.
E viu o rastro da Negra,
Compreendeu a cilada.
Ai desatou a peia
Voltou no mesmo momento,
Foi buscar outra garrafa.
Mais ligeiro que o vento.
Encheu na fonte e voltou,
Veloz como o pensamento.
E assim passou pela negra
Com toda velocidade,
Duas vezes e ela não viu,
Já no portão da cidade,
Chegou na frente e entregou,
A garrafa a majestade.
A negra quando chegou
Que viu o rapaz sentado,
Disse ao Rei esse moço,
Só sendo endiabrado,
Porque deixei-o na fonte,
Dormindo ipinotizado.
Floriano disse ao Rei,
Diga o outro mandado,
Que eu quero fazer logo,
Para ficar descansado,
E casar com a princesa,
Para ter parte no reinado.
O Rei disse a Floriano
Amanhã vai terminar,
A nossa grande questão.
Dois bois mandarei matar.
O senhor vai comer um,
De uma vez que se sentar.
Ou pode mesmo mandar
Um criado seu comer,
Minha Negra come outro,
Para todo mundo vê.
Se o senhor não cumprir,
Sem remissão vai morrer.
Quando engole Pedras soube,
Disse soltando uma graça,
Amanhã eu como tudo,
Tudo que houver pela praça.
Se tiver comida eu tiro,
A barriga da desgraça.
No outro dia bem cedo
Perante a população,
Estavam as mesas postas,
E cheia de refeição.
Cada uma tinha um boi,
Pra terminar a questão.
Ali na grande audiência
Estava a Rosa formosa,
Era a princesa Maria,
A estrela luminosa.
Parecia um clarão,
De uma manhã radiosa.
Floriano foi entrando
Engole Pedras também,
Era tipo de gigante,
Não olhava pra ninguém.
Vinha de barriga oca,
Que cabia até um trem.
A Negra muito sisuda
Sentou-se na mesa dela,
E logo pra fazer fita,
Engoliu uma costela.
Ouve uma salva de palmas,
Muitos vivas deram a ela.
Engole Pedras também
Sentou-se muito sisudo,
E um prato de travessa,
Pegou engoliu com tudo.
E começou engolindo,
Cada objecto miúdo.
Assim em poucos minutos
O seu quinhão acabou,
Porém em cima da mesa,
Nenhum prato ficou.
E ele morto de fome,
Da mesa se levantou.
Chegou na mesa da Negra
E o povo dando figa,
Foi comendo o que havia,
como quem faz uma briga.
Por fim engoliu a negra,
E não encheu a barriga.
A Negra sendo engolida
Ouve um protesto geral,
O Rei indignado,
Mandou um guarda real,
Levar Floriano preso,
Para um quartel general.
Floriano sendo preso
Engole Pedras de um pulo,
Pegou o Rei pela goela,
E disse eu te estrangulo.
Ou Floriano se solta ,
Ou eu também te engulo.
Nisto parte um general
Com uma coragem louca,
Arranca touco pegou,
Até com uma força pouca.
Deu-lhe um baque, que botou,
O coração pela boca.
Veio então atirador
Foi logo dizendo assim,
Ou Floriano se solta,
Ou a coisa fica ruim.
Porque eu não deixo vivo,
Nem formiga no capim.
Nesse ponto Engole pedras
Disse ao Rei, assassino,
Ou assina o casamento,
Ou vai pro meu intestino.
Quando foi abrindo a boca,
O Rei gritou eu assino.
O Rei pegou uma pena
Assinou que Floriano
Tinha feito três mandados,
Sem haver um só engano.
Pra casar com a princesa,
Filha do Rei soberano.
Foi assim que Floriano
Teve a grande vitória,
Casou-se com a princesa,
E os amigos da história.
Todos ficaram empregados,
Para coroar sua glória.
-A Negra foi engolida
-Levou carta a Satanás,
-Morreu por ser feiticeira,
-Enquanto que o rapaz,
-Insistiu com seus amigos,
-Defendeu-se dos perigos,
-Assim é que Homem faz.
Essa Estória mamãe contava para nós, os filhos que ela tanto amou.
Essa Estória foi tirada de um livro Literatura de Cordel
Autor desconhecido.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
PREFÁCIOS ESPIRITUAIS
A mulher deve ser como a palha miúda
com que se encaixotam porcelanas,
palha que não conta,
palha que mal se vê,
palha de que ninguém se apercebe
e sem a qual se quebraria tudo!
Minha mãe - não te defino
Por mais rebusque o ABC...
Escrava pelo destino,
Rainha que ninguém vê.
Certos pensamentos são como orações.
Em dados momentos, qualquer
que seja a postura do corpo,
a alma está de joelhos.
Ama, filhinha entretanto
Sofre a dor que o lar te der.
É toda feita de pranto
A glória de ser mulher.
Mãezinha não sei ao certo
Onde a ausência dói mais fundo,
Se na paz do firmamento,
Se na dor que envolve o mundo.
Leite materno! óleo Santo!
Afirma-se que ele veio
Do sangue que se fez pranto
No filtro de amor do seio.
Devemos interpretar
Toda mulher ao relento
Como sendo nossa mãe
Vagando no sofrimento.
do livro
mãe
antologia mediúnica
Francisco Cândido Xavier
com que se encaixotam porcelanas,
palha que não conta,
palha que mal se vê,
palha de que ninguém se apercebe
e sem a qual se quebraria tudo!
Minha mãe - não te defino
Por mais rebusque o ABC...
Escrava pelo destino,
Rainha que ninguém vê.
Certos pensamentos são como orações.
Em dados momentos, qualquer
que seja a postura do corpo,
a alma está de joelhos.
Ama, filhinha entretanto
Sofre a dor que o lar te der.
É toda feita de pranto
A glória de ser mulher.
Mãezinha não sei ao certo
Onde a ausência dói mais fundo,
Se na paz do firmamento,
Se na dor que envolve o mundo.
Leite materno! óleo Santo!
Afirma-se que ele veio
Do sangue que se fez pranto
No filtro de amor do seio.
Devemos interpretar
Toda mulher ao relento
Como sendo nossa mãe
Vagando no sofrimento.
do livro
mãe
antologia mediúnica
Francisco Cândido Xavier
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